Onde dois ou três estiverem reunidos em
meu nome, eu estou aí, no meio deles... (Mt 18,20)
Tudo
na vida gira em torno das relações: com
Deus, consigo mesmo, com os outros, com a natureza. Famílias
saudáveis, grupos saudáveis, comunidades saudáveis, vidas saudáveis, ambientes
saudáveis... falam de relações saudáveis.
No evangelho de hoje é muito relevante a
preocupação pela vida interna da comunidade; não de perfeitos, mas de irmãos
que reconhecem suas fragilidades e precisam de apoio para superar seus limites.
As rupturas podem acontecer, mas o
importante é superá-las.
Jesus não só revelou a verdadeira identidade de
Deus, mas mostrou que o caminho para a transformação pessoal consiste, também,
na correta vivência na relação com
os outros.
De
fato, a pessoa humana não se pode realizar sem os outros. Realiza-se
quando, livre e voluntariamente, conhece e é conhecida, ama e é amada,
compreende e é compreendida. A reciprocidade das relações é a que permite
integrar a igualdade e a diferença, a identidade pessoal e a identidade do
outro, buscando chegar à comunhão e à unidade. As relações humanas são o centro de tudo.
Relacionar-se
é a grande e única finalidade da vida do ser humano. A pessoa existe graças à relação e para
a relação; amadurece e se humaniza na relação.
Mas,
é na relação que emergem nossas riquezas e nossas pobrezas humanas. Todos temos limites que fragilizam os
laços comunitários. A gestão das relações interpessoais exige equilíbrio
e sabedoria. Precisamos de sabedoria para aceitar a realidade, acolhê-la e
cuidá-la, para ir transformando por dentro. Não podemos nos conformar com a mediocridade da comunidade.
O sentido da comunidade cristã é a ajuda mútua. “Ajudar” exige
um coração magnânimo, grandeza de sonhos, de ânimo e de desejo. O “ajudar”
não vai na linha do impor, senão do propor.
A
comunidade deve ser sacramento (sinal) de salvação para todos. E a indiferença, é seguramente o pecado
mais difundido em nossas comunidades cristãs. O papa Francisco continuamente
nos apela a passar da “cultura da indiferença”
à “cultura do encontro”.
A
comunidade é, pois, o lugar da “correção
fraterna”; e o critério para a correção não é a lei mas a presença de
Jesus que está no meio da comunidade. Quando a correção é feita a partir da
lei, assumimos a posição de juízes, rompemos a comunhão e caímos no legalismo.
Todos
devem “corrigir-se” mutuamente, tendo os olhos fixos em Jesus.
A presença de Jesus na comunidade é
sempre horizonte inspirador para que todos cresçam na identificação com Ele.
Nesse processo de crescimentos os ritmos são diferentes para cada pessoa. A
correção significa estima e confiança no outro, pois ele é maior que suas
falhas.
A
correção fraterna não é tarefa fácil; por duas razões: 1º O que corrige pode humilhar àquele que é corrigido. 2º O corrigido pode rejeitar a correção por
falta de humildade.
Lealdade, igualdade, serviço, acolhimento,
inclusão, solidariedade... são alguns dos frutos de uma comunidade saudável.
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