Para um público formado
pelo clero, o Papa
Francisco começou seu pronunciamento fazendo referência ao Evangelho de João,
no contexto da Última Ceia. Era noite
“eucarística”, de amor, mas também de tensão.
Como diz o Documento de Aparecida, ‘conhecer Jesus é o melhor
presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que
ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa
alegria’ (n. 29). [...] Por natureza, os
jovens são ricos de aspirações e, apesar de assistirmos a uma crise do
compromisso e dos laços comunitários, são muitos os jovens que, à vista dos males
do mundo, se mobilizam conjuntamente e se dedicam a diferentes formas de
militância e voluntariado. Quando o fazem por amor de Jesus, sentindo-se parte
da comunidade, tornam-se «caminheiros da fé», felizes por levar Jesus Cristo a
cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra (Evangelii gaudium, 107).
Como é a terra, o alimento, o suporte onde
cresce esta videira na Colômbia? Em que contextos são gerados os frutos das
vocações de especial consagração? Certamente
em ambientes cheios de contradições, de luzes e sombras, de situações
relacionais complexas. Gostaríamos de contar com um mundo de famílias e
vínculos mais serenos, mas somos parte desta crise cultural; e é no meio dela,
contando com ela, que Deus continua a chamar. [...] Desde o início, foi assim: Deus manifesta a
sua proximidade e a sua eleição; Ele muda o curso dos acontecimentos, chamando
homens e mulheres na fragilidade da história pessoal e comunitária. Não
tenhamos medo! Nesta terra complexa,
Deus sempre fez o milagre de gerar cachos bons, como as torradas para o café da
manhã.
Que não faltem vocações em nenhuma comunidade, em nenhuma família de Medellín!
O Papa recomenda atenção para que a condição religiosa não seja
aproveitada para se obter benefícios próprios e materiais.
As vocações de especial consagração morrem quando querem
nutrir-se de honrarias, quando são impelidas pela busca de tranquilidade
pessoal e promoção social, quando a motivação é ‘subir de categoria’, apegar-se
a interesses materiais chegando mesmo ao erro da avidez de lucro.
Como já disse noutras ocasiões, o diabo entra pela carteira. Isto
não diz respeito apenas ao início, todos nós devemos estar atentos porque a
corrupção nos homens e mulheres que estão na Igreja começa assim, pouco a
pouco. [...] O veneno da mentira, da dissimulação, da manipulação e do abuso do
povo de Deus, dos mais frágeis e especialmente dos idosos e das crianças não
pode ter lugar na nossa comunidade; são ramos que decidiram secar e que Deus
nos manda cortar.
O Santo Padre convidou, então, a “permanecer em Jesus” de três
maneiras: 1. Tocando a humanidade de
Cristo; 2. Contemplando a sua divindade; 3. Vivendo na alegria.
1. Tocar a humanidade “com
o olhar e os sentimentos de Jesus, que contempla a realidade não como juiz, mas
como bom samaritano”, e também com “os
gestos e palavras de Jesus, que expressam amor aos vizinhos e a busca dos
afastados”.
2. Contemplar a divindade de
Cristo, “suscitando
e cultivando a estima pelo estudo, que aumenta o conhecimento de Cristo” e,
assim, privilegiando “o encontro com a
Sagrada Escritura”. Para contemplar a divindade, o Papa também sugere “fazer da oração a parte fundamental da nossa
vida e do nosso serviço apostólico”.
3. Permanecer em Cristo
para viver na alegria,
porque “a nossa alegria contagiante deve
ser o primeiro testemunho da proximidade e do amor de Deus”.
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