O Evangelho da mulher encurvada (Lc 13, 10-17), toca sempre o meu coração.
Todos andamos pela vida um pouco encurvados...
Eis a homilia de hoje do Papa Francisco:
Na sinagoga, no sábado, Jesus
encontra uma mulher que não conseguia endireitar-se, “uma
doença na coluna que há anos a obrigava a viver assim”. O evangelista usa cinco verbos para descrever o que
faz Jesus: a viu, a chamou, lhe falou, impôs as mãos sobre ela
(tocou)e a curou.
Cinco verbos de proximidade, porque “um
bom pastor está próximo, sempre”. Na
parábola do bom pastor, ele está próximo da ovelha perdida, deixa as outras e
vai procurá-la. Não pode ficar
distante do seu povo.
Ao contrário, os
clérigos, doutores da Lei, fariseus, saduceus, os ilustres viviam
separados do povo, repreendendo-o
continuamente. Eles não eram
bons pastores, pois estavam fechados no próprio grupo e não se interessavam
pelo povo. “Talvez estivessem preocupados, quando acabava o serviço
religioso, em contar quanto dinheiro havia nas ofertas...”. Não estavam próximos às pessoas.
Jesus, ao contrário, é próximo, e a sua proximidade vem daquilo que
Cristo sente no coração: “Jesus se comoveu”, diz outro trecho do Evangelho.
Jesus sempre
estava com as pessoas descartadas por aquele grupinho clerical: pobres, doentes, pecadores e
leprosos... Jesus tinha a capacidade de se comover diante da doença; era um bom
pastor. O bom pastor se aproxima e tem a capacidade de se comover. A
terceira característica de um bom pastor é a de não se envergonhar da carne,
tocar a carne ferida, como fez Jesus com esta mulher: tocou,
impôs as mãos, tocou os leprosos, tocou os pecadores.”
Um bom pastor não diz: sim, está bom. Sim, sim eu próximo a você no
Espírito. Isso é distância. Mas, fazer
o que Deus Pai fez, aproximar-se, por compaixão, por misericórdia, na
carne de seu Filho...
O grande pastor, o Pai, nos ensinou como faz um bom pastor: abaixou-se,
esvaziou-se a si mesmo, aniquilou-se, tomou a condição de servo.
Mas, e esses outros, aqueles
que seguem o caminho do clericalismo, aproximam-se de quem? Aproximam-se
sempre ao poder ou ao dinheiro. São
pastores maus. Eles pensam apenas como subir no poder, ser amigos do poder,
negociam tudo ou pensam nos bolsos. Estes são hipócritas, capazes de tudo. O
povo não tem importância para essas pessoas. Quando Jesus lhes diz aquele
adjetivo que utiliza muitas vezes com eles, hipócritas, eles se ofendem: Mas nós seguimos a lei!
Quando o povo de Deus vê que os maus pastores são espancados, fica feliz;
isso é um pecado? Sim, mas eles sofreram tanto que “gostam” um pouco disso.
O bom pastor é
Jesus que vê, chama, fala, toca e cura. É o Pai que se faz no seu Filho carne, por compaixão:
É uma graça para
o povo de Deus ter bons pastores, pastores como Jesus, que não tem vergonha de
tocar a carne ferida, que sabem que sobre isso - e não apenas eles, mas também todos nós -
seremos julgados: estava com fome, estava na prisão, estava doente ... Os
critérios do protocolo final são os critérios
da proximidade: tocar, compartilhar
a situação do povo de Deus. O
bom pastor está sempre perto das pessoas,
como Deus nosso Pai se aproximou de nós, em Jesus Cristo feito carne.
Grata pelo texto.
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