O Deus que
surpreende é o Deus anunciado pelo Papa Francisco. Não é esse o único
Deus em circulação. Há o Deus pregado
por inércia por toda a Igreja, mas não é um Deus que surpreende, nem desperta
encantamento e o Deus todo-poderoso,
compartilhado por aqueles que o afirmam, e por aqueles que o negam, mas também não é o de Jesus...
O Deus que irrompe
na Igreja de Francisco é
diferente, ninguém
pensava que pudesse haver uma surpresa por parte de Deus, desde que o Concílio foi forçosamente calado. Por isso, a Igreja tinha se tornado tão tétrica, e a fé estava indo
embora...
Em um mundo exposto às piores surpresas,
ninguém pensava que pudesse haver uma surpresa tão maravilhosa por parte de Deus. Com Francisco reapareceu o Deus que surpreende e encanta, como seduziu outrora Abraão,
Moisés
ou mesmo a Maria de Nazaré.
Deus entrou na nossa história como nunca havia
acontecido, e a muda e nos muda.
À medida que o Deus inédito torna-se “editado”, os
homens progridem no face a face com ele. Deus não muda, somos nós que começamos
a compreendê-lo melhor. Com tudo, pode-se objetar (e, por isso, os doutores da
lei e os escribas estão hoje em pé de guerra) que o ciclo das edições acabou,
porque já houve a edição definitiva de Deus, que é a que foi publicada por Jesus.
Deus sempre
desconcerta e fascina, e se assim não fosse não seria Deus. E esse o Deus que o Papa
Francisco anuncia.
Vivemos não em uma
época de mudanças, mas sim em uma mudança de época. O advento deste tempo novo é uma
questão de vida ou de morte. De fato, o mundo não pode continuar assim.
Vivemos num buraco negro existencial e político onde
irrompeu surpreendentemente o Deus da misericórdia. Não é que Deus se tornou
misericordioso hoje, mas é que muitas sombras cobriam o seu rosto.
O Deus anunciado pelo Papa Francisco “primeireia”:
primeiro no amor, no perdão, no sair ao encontro da ovelha perdida... Não é o
Deus da guerra, mas da paz. O Deus surpreendente pregado pelo Papa Francisco é o Deus de Jesus. O Deus que Francisco anuncia está
muito bem plantado na tradição do AT e do NT.
Deus nunca nos abandonou, e depois da queda dos
nossos primeiros pais não expulsou ninguém mais do Paraíso. As sementes do Verbo
estão espalhadas por toda parte, e “não há dúvida de que o Espírito Santo já
agia no mundo antes de Cristo ser glorificado.
O que fazer para
dar um futuro à virada profética de Francisco? É hora de colocar os catecismos nas prateleiras,
pois nem novas edições poderão aferrar o vento que sopra a partir de Deus. Pôr
o Evangelho novamente no seu lugar.
Se a lex orandi é também a lex
credendi devemos ressignificar toda a estrutura `sacrificial e expiatória´
da liturgia e da vida.
Outra questão é a dignidade humana levantada questionada por toda parte pelos migrantes. Sancionar o
direito humano universal de migrar, de viver no lugar onde cada um possa realizar
melhor sua própria humanidade.
O Deus da misericórdia nos faz irmãos e irmãs de todos, e os povos misturados se tornam uma só humanidade.
Deus faz novas todas
as coisas, apesar da mania que temos de nos proteger e engavetar.
Excelentes considerações sobre o verdadeiro Deus mais humano, pacífico e acolhedor.
ResponderExcluirSim, muito bom o texto, Padre Ramón. Concordo plenamente com ele. Reparo que o Papa Francisco, em sua "revolução", nada mais tem feito do que nos apresentar o Deus de Jesus: O Deus da misericórdia, o Deus do acolhimento, o Deus da paz, do respeito e do cuidado com todos, mas principalmente com os pequenos e marginalizados. E o que é muito estranho é que este Deus (o Deus de Jesus, o Deus verdadeiro) parece estar assustando a muita gente que prefere um deus à sua imagem e semelhança: um deus que mais do que justo se faz justiceiro, um deus frio que põe para fora quem não reza em sua cartilha (catecismo!?) quem não pensa como ele e permanece a seguir a Lei do Primeiro Testamento, sem reparar que a Lei maior é o Amor. E o mais louco é que esse deus frio e que exclui da comunhão, simplesmente não existe, é só um ídolo criado pelos homens.
ResponderExcluirBendito o que vem em nome do Senhor!
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