Todas as vezes que fizestes isso a um dos meus
irmãos, foi a mim que o fizestes...
Rei, título
inapropriado para Aquele que tocou leprosos, e preferiu a companhia dos
excluídos. O senhorio de Jesus foi do amor incondicional com os mais pobres
e sofredores. Com sua palavra e sua vida Ele afirmou
que “não
veio para ser servido, mas para servir”. Por isso, assumiu
uma posição crítica frente a todo poder desumanizador.
A festa de “Cristo
Rei”, que encerra o Ano Litúrgico, pode
ser ocasião propícia para “transgredir” nossa concepção de “rei” e “reinado”, e
evitar um triunfalismo religioso. Jesus nunca se proclamou rei. Importa, pois, honrar a
verdadeira identidade de Jesus: Ele não foi rei, nem quis ser nunca, por mais
que alguns cristãos creêm que chamando-o assim prestam-lhe as devidas honras. A melhor honra que devemos prestar a Jesus
é prolongar seu modo de ser e de viver. É preciso voltar a Jesus e a sua causa.
Jesus é Rei
porque deixa transparecer sua “realeza”: o que é mais real, mais
humano e divino, a sua verdade, seu ser verdadeiro que se visibilizava no
encontro com o outro.
Segundo o
relato de Mateus, quando chegar o momento supremo, e a hora da verdade
definitiva, a única coisa que ficará de pé, não vai ser nem a piedade, nem a
religiosidade, nem as práticas espirituais, mas o que cada um fez de bom para
com os outros seres humanos.
Jesus se
identifica com cada pessoa, e de maneira especial com aquele que mais sofre...
Essa identificação e essa fusão de Jesus com os humanos (“foi a mim que o fizestes”) é será o critério para entrar no Reino.
Na parábola do “juízo
final” não é casual que os casos ali mencionados são as situações mais
baixas, e humilhantes e um desafio para quem goza de uma vida cômoda: dar de comer, vestir, cuidar da saúde, liberdade...
Essa lista interminável de situações extremas refere-se à realidades de sofrimento
e exclusão. Jesus assume como sua a dor
de cada ser humano, pois Ele se fundiu com o mais carente e necessitado...
Escutar ou ler uma parábola é sentir-se implicado
nela. Toda parábola deixa transparecer
nossa real identidade; o que em mim está excluído, faminto, desamparado,
exilado, preso... e que precisa ser integrado e iluminado para eu ter um
relacionamento fraterno com todos?
Precisamos
deixar ressoar em nosso “eu profundo” as palavras duras do Rei Eterno: “Afastai-vos
de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos”. Centrados em nós mesmos e separados dos outros, vamos alimentando
uma espécie de ego isolado e negativo
(força dia-bólica: força que divide).
O ego
exacerbado quer controlar o seu mundo: pessoas, acontecimentos e natureza. Compara-se
com os outros e compete pelos privilégios.
Esse
ego centrado em si próprio não confia em ninguém a não ser em si mesmo; ele não ama
ninguém e quando “ama” é para atender apenas às suas próprias necessidades.
Sofrendo de uma falta total de compaixão ou empatia, ele pode ser extraordinariamente
cruel para com os outros, vivendo uma situação infernal.
Como
evitar que o nosso ego nos domine e determine nossa vida?
1º Desvelar
e desmascará-lo com todas as suas maquinações e duplicidades. Só uma pessoa esvaziada de seu ego pode transformar-se e transformar a
realidade.
2º Esvaziar-se de nossos impulsos egóicos, fazendo-nos
solidários com a fragilidade.
3º Ajudar aos excluídos do mundo a viver uma vida mais
humana e digna.
Que assim seja e aconteça, e possamos sempre AJUDAR...
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