O Carnaval/2018 recuperou o
espírito crítico com a classe política do país. E isso, não apenas na rua, mas também nos sambódromos do Rio e de São Paulo. As escolas de samba levaram para a avenida críticas
sociais contundentes e muito diretas. O caso mais marcante foi o da Paraíso
do Tuiuti, de São Cristovão/Rio com o samba enredo Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?
O enredo, escolhido por
concurso, tratou da
exploração do homem pelo homem. Fazer
uma pessoa trabalhar uma jornada de 12 horas, por um
salário mínimo e com direitos mitigados, é perpetuar a escravidão...
O último carro veio com um
vampiro vestido com a faixa presidencial, que lembrava o presidente Michel Temer.
Ele estava em cima do carro chamado neo tumbeiro, ou seja, um navio negreiro dos tempos atuais. Na
avenida o povo gritava: "Fora, Temer!" As críticas explícitas deixaram em silêncio os comentaristas da TV Globo, que
transmitia ao vivo o desfile de Carnaval.
Nas redes sociais, a escola TUIUTI foi
louvada pela "coragem" das críticas. E eu o faço neste blog.
A Mangueira criticou o atual
prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que apareceu representado em um dos carros alegóricos como um boneco de Judas. O boneco do político
evangélico era acompanhado da frase: "Prefeito,
pecado é não brincar o Carnaval". A escola criticava o corte,
por parte da Prefeitura, da metade da verba destinada às escolas de samba.
A Beija-Flor, com o
enredo Monstro é aquele que não sabe amar, tratou dos filhos abandonados da pátria que os pariu, abordando o descaso com crianças e
adolescentes pobres.
Em São Paulo, também houve
crítica política. O carro A Casa da Mãe Joana trouxe políticos, alguns com a faixa presidencial,
e juízes representados sujos de lama e com malas de dinheiro e notas na cueca.
As
escolas refletem o que se passa nas ruas. Para essas críticas chegarem à
Sapucaí é porque o momento que vivemos é de uma crise muito grande. As escolas de samba são o último ponto onde chega essa voz crítica.
É um momento de protesta generalizada em todos os
níveis da sociedade.
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