Vivemos tempos ecumênicos
e de diálogo inter-religioso de respeito pela religiosidade dos outros. No dia 2/FEV celebramos
na Igreja Católica Nossa Senhora dos navegantes (e da Candelária!), e nos
cultos de candomblé o dia de Yemanjá. Sincretismo religioso que faz lembrar uma
deusa negra dos mares.
Venerada como “Rainha do
Mar”, Yemanjá, contração da
expressão yorùbána Yèyé omo ejá:
"Mãe cujos filhos são peixes".
Segundo a mitologia dos Orixás, ela é filha de Olóòkun associada ao controle
dos mares, e da sexualidade feminina. Possuí o título de Grande Iyába (Mãe Rainha).
Ela exerce um papel muito
importante na vida dos pescadores: "Iemanja desempenha
duplo papel. De um lado ela é a mãe que propicia a pesca abundante - que
controla o movimento das águas - da qual depende a vida do pescador".
Além disso, é comparada com diversas lendas folclóricas brasileiras, como a da
Mãe d'Água Iara e diversas histórias de sereias marítimas.
Nos cultos
afro-brasileiros, a posição de grande mãe é apresentada quase como única,
ofuscando outras características: mulher guerreira e amante ardorosa, em função de sua associação com Nossa
Senhora, a Mãe Imaculada.
A Deusa dos Mares deixou seu lado africano original e assumiu características
portuguesas. Iemanjá foi se aproximando
de Nossa Senhora, com a qual é sincretizada...
Suas celebrações anuais atraem para as praias milhares de adeptos
carregando consigo diversos “presentes”,
pois ela é feminina e vaidosa.
É comum vermos pessoas
colocando barquinhos na água, para fazerem seus pedidos. A renomada
Iyalorixá Mãe Stella de Oxóssi, em
seu artigo Presença, sim! Presente, não!
afirmou que a partir de 2017, a comunidade do seu terreiro não mais colocará
presentes no mar colaborando com o ecologicamente correto. Podemos reverenciar com cânticos ou oferendas biodegradáveis, respeitando nossa Casa Comum.
Você respeita as crenças dos outros?
NB. Confesso que gosto dos quadros de Carybé (1911-1997)...
Isso não se chama ecumenismo, mas sincretismo. Como dizia Sêneca, quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho é desfavorável.
ResponderExcluirSincretismo e ecumenismo são coisas diferentes. Tome cuidado com o que Você fala.
ResponderExcluirPadre Ramon, parabéns pela corajosa e necessária publicação.
ResponderExcluirquando era mais jovem não costumava respeitar as religiões de matriz africana. Hoje as respeito muito. Fico imaginando Deus, que é todo bom, lá no céu, vendo como as nossas diferenças são tratadas por muita gente e dizendo num papo da Trindade: "como esses meus filhos são bobos."
ResponderExcluir