“Fraternidade e superação da violência”
é o tema da Campanha para a Quaresma, em 2018. O Evangelho de Mateus inspira o
lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt
23,8).
A Campanha foi lançada oficialmente nesta
Quarta-feira de Cinzas e tem como objetivo geral: “Construir a fraternidade, promovendo a
cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como
caminho de superação da violência”.
Estamos estarrecidos com a violência
imperante. A ética que norteava as relações sociais está
esquecida. Hoje, temos corrupção, morte e agressividade nos gestos e nas
palavras. Aumenta a crença em nossa incapacidade de vivermos como irmãos.
Eis na íntegra a
mensagem do Papa:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Neste tempo
quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha “Fraternidade e a superação da violência”,
cujo objetivo é construir a fraternidade, promovendo
a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus,
como caminho de superação da violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade
de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações
e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado
em Jesus Crucificado.
Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10).
Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de
fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost.
Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos
faz perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível
entre nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.
“É agora o momento favorável, é agora o dia
da salvação” (1 Cor 6,2; cf. Is 49,8), que nos traz a graça do perdão
recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor
misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos
prescindir. Às vezes, como é difícil
perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas
frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o
ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se
viver como irmãos e irmãs e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação
do Apóstolo: “Que o sol não se ponha
sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).
Sejamos protagonistas da superação da
violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é
fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova
relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com
paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas
relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de
respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de
integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), como
destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa
salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da
salvação para conviverem sem violência.
Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime
a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como
irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que
todos rezem por mim.
Vaticano, 27 de
janeiro de 2018.
[Franciscus PP.]
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