A CF/2018, promovida pela CNBB, tem como tema: “Fraternidade e superação da
violência”, e como lema a palavra de Cristo: “vós sois todos irmãos” (Mt
23,8).
Objetivo
geral da CF? Construir fraternidade, promovendo a cultura da
paz; agir contra a violência aos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais).
De onde vem
esta violência horrível e absurda? O massacre de Orlando foi a ponta
do iceberg. A hostilidade
física e verbal contra os LGBT, conhecida como homofobia, vai na
contramão do Evangelho. Há cristãos extremistas que festejam publicamente o ataque
aos gays. Eles, por desgraça, dizem que “Deus
odeia os veados”, o que não é verdade.
O quadro de
violência contra o público LGBT tornou-se mais evidente por causa da
visibilidade desta população no mundo atual. Eles exigem
ser respeitados e reivindicam os mesmos direitos dos demais cidadãos. Quem
não tem um gay na sua família, vizinho, amigo, ou colega de trabalho?
Contudo, esta realidade está ausente em muitos
documentos da Igreja Católica. Ao falar de pobres, e de pessoas que sofrem,
menciona-se: migrantes, vítimas da violência, refugiados, vítimas de
sequestro e tráfico de pessoas, desaparecidos, portadores de HIV, vítimas de
enfermidades endêmicas, tóxico-dependentes, idosos, meninos e meninas vítimas
da prostituição; mulheres maltratadas, vítimas de exclusão e exploração
sexual, pessoas com deficiência, grandes grupos de desempregados, moradores de
rua, indígenas, afro-americanos... Infelizmente,
não se fala de LGBT, pois incomoda em muitos ambientes, silenciando o sofrimento
desta população.
A
hostilidade a LGBT não é gratuita. Há importantes indicações de
que o preconceito contra esta
população seja um temor inconsciente a reconciliar-se com os seus impulsos
interiores. Quanto maior o fanatismo maior a necessidade de ocultar sua
realidade mais profunda.
Para enfrentar o ódio a LGBT, grupos políticos propuseram políticas públicas
de educação promovendo a “igualdade de gênero e orientação sexual”.
Por igualdade de gênero, entende-se
tanto entre homem e mulher. Por igualdade
de orientação sexual, entende-se entre heterossexuais e homossexuais. A
proposta gerou grande controvérsia e o resultado foi a retirada dessa
expressão na Base Curricular do Ministério da Educação. Fala-se apenas em
formação humana integral, construção de uma sociedade “justa, democrática
e inclusiva” e oposição a “qualquer forma de discriminação”.
Há pesquisas de neurociência concluindo que o sexo biológico não se
reduz à genitália e à anatomia. É o
cérebro que define a identidade e a orientação sexual. No caso de
pessoas transgênero, o cérebro e a percepção de si não correspondem à
genitália e ao restante do corpo. A pessoa se sente homem em um corpo de
mulher, ou se sente mulher em um corpo de homem.
Mesmo que haja também fatores psicossociais incidindo nesta realidade, ser LGBT não é escolha e nem opção
individualista. São faces da complexa diversidade entre homem e mulher.
Não se pode querer que todos os seres humanos vivam como se fossem
heterossexuais. Não se pode ignorar as
diversas formas de discriminação e violência que oprimem e devastam tal
população.
Há uma perspectiva cristã de gênero propondo não renunciar à
diferença entre homem e mulher e à sua fundamental importância, que tem raiz
no sexo anatômico e constitui o arquétipo do qual se origina a humanidade.
Que não se pense nos processos sociais e culturais prescindindo inteiramente
do componente biológico, da estrutura genética e neuronal do sujeito humano.
Todavia, que se evidencie também o
papel da cultura e das estruturas sociais.
A
superação de discriminações e marginalização tem eco na pregação e no
exemplo do Papa Francisco. Ele convoca a Igreja a ir às periferias
existenciais, ao encontro dos que sofrem com as diversas formas de injustiça,
conflitos e carências, entrar no coração do drama das pessoas, compreender o
seu ponto de vista para ajudá-las a viver melhor e reconhecer seu lugar na
Igreja. O Papa quer que o anúncio do
amor salvífico de Deus preceda toda obrigação moral e religiosa, curando
as feridas e fazendo arder o coração, como nos discípulos de Emaús.
Não há
cidadania e nem sã laicidade sem proteção das pessoas, sobretudo
as mais vulneráveis, sem liberdade religiosa e de consciência, e sem convivência
com a legítima diversidade em um mundo plural. Só assim os LGBT poderão
viver e respirar em seu próprio gênero e sexualidade.
Nenhum ser humano é um mero transgênero ou cisgênero, homossexual ou
heterossexual, mas é antes de tudo criatura de Deus e destinatário de Sua
graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna.
“Eu falei com muitos pais nesses
anos. E eu acho que eu só poderia lhes dizer que ouçam seus filhos e não tentem fazer prevalecer suas opiniões
sobre as deles”.
“Quando ele me disse que era homossexual,
meu mundo caiu. Eu fiz tudo que pude para curá-lo de sua doença. Há oito
meses, meu filho pulou de uma ponte e se matou. Eu me arrependo amargamente de
minha falta de conhecimento sobre gays e lésbicas. Percebo que tudo o que me
ensinaram e me disseram era odioso e desumano. Se eu tivesse pesquisado além
do que me disseram, se eu tivesse simplesmente ouvido meu filho quando ele
abriu o coração para mim... eu não estaria aqui hoje, com vocês, plenamente
arrependida...”
Certa vez, o Papa deu um conselho precioso: “é melhor ficar longe dos sacerdotes rígidos, eles mordem”. E não
são só sacerdotes rígidos que causam dano a tantas pessoas, mas também movimentos religiosos e fiéis
rigoristas. É preciso que os LGBT sejam protegidos de discursos tóxicos e
práticas nocivas (exorcismos, orações de “cura e libertação”...).
Colégios, paróquias, movimentos, pastorais e obras sociais devem ser
ambientes acolhedores, e não hostis.
A Palavra de Deus, tirada de contexto e lida em perspectiva rigorista,
torna-se palavra de morte, um instrumento diabólico. Daí vêm as “balas
bíblicas” disparadas impiedosamente
contra homossexuais e transgêneros. Esta Campanha da Fraternidade que visa
superar a violência, é uma chance
extraordinária de se fazer o bem, revendo-se conceitos e práticas a respeito.
Meu comentário: Muitas pessoas homoafetivas tem fé e precisam reencontrar seu lugar na comunidade eclesial.
A CF/2018:
A CF/2018:
Tema: Fraternidade e superação da violência
Lema : Vós sois todos irmãos... (Mt 23,8).
Quanta idiotice. Sempre a mesma invencionice com vitimismo. Deveriam começar a aplicar testes de q.i. nos seminários, já que a questão da falta de fé nem vale a pena comentar.
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