MESA: lugar da solidariedade e do encontro...

“Estavam tomando a ceia...” (Jo 13,2)

A prática de Jesus de partilhar a mesa com pobres e pecadores causou grandes espanto e escândalo. Para Ele, a mesa era para ser compartilhada com todos. Comendo e bebendo com os excluídos, Jesus desafiava o comportamento social e as regras da desigualdade e divisão.

Jesus revelava grande liberdade ao transitar por diferentes mesas, todas escandalosas, e que o faziam próximo dos pecadores, pobres e excluídos. Ele não só transitou, mas instituiu a grande mesa para a festa e o encontro dos irmãos e irmãs: a da Última Ceia.  Da “mesa eucarística” para a “mesa cotidiana”: eis o movimento inspirado por Jesus.

Ele, antes de instituir uma igreja, realizou a `co-mensalidade´. Desse modo, revelou o verdadeiro simbolismo deste móvel: ser comunhão. Comunhão que que desafia nossa solidariedade.

A espiritualidade da mesa não pode ser apreendida e mercantilizada por ninguém. A comunhão se realiza entre os “distantes e os diferentes”. Preparar a mesa e fazer a refeição é todo um ritual. Comer é mais do que ingerir alimentos, é entrar em comunhão com as pessoas e a coisas. O próprio Reino de Deus é apresentado como um banquete na casa do Pai.

É junto à mesa que se dá o processo de humanização e comunhão: `a comida, o alimento de nossas refeições, não é somente o que aparenta, mas, remete a algo que está atrás de si, para além de si. Portanto, o gesto de sentar-se à mesa para comer revela um tipo de relação social de um determinado grupo humano´ (M. Diaz Mateos).

A mesa é um sinal de encontro e comunhão, e realiza o que sinaliza, pois cria comunhão intra-pessoal (eu comigo mesmo), inter-pessoal (eu-outro) e trans-pessoal (eu-Deus).

Por toda esta carga de simbolismos, a mesa não pode ser posta de qualquer maneira; a sala deve ser um local aconchegante, para realizar o milagre do encontro. Ela passa a ser um “altar” que deve ser preparado e ornado com carinho, para ser digno de realizar a sua missão sagrada.

Sentar-se à mesa com os outros é descobrir-se vivo, latente e carente. Por desgraça, quando alguém fica gravemente doente o primeiro que faz é se retirar da mesa...

Na mesa aprendemos a acolher o outro como dom, doar, partilhar, escutar e falar. A mesa-refeição é lugar do suporte das relações, espaço do sustento do corpo, do emocional, do psíquico, do espiritual e do social.

A mesa é lugar de humanização. O simples gesto de passar ao outro o que ele precisa é um gesto de fraternidade. Servir é o gesto fundamental de estar à mesa. Diviniza-se humanizando, humaniza-se divinizando...

msotw9_temp0A mesa eucarística se prolonga e se visibiliza na mesa-família.

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