1º DTP: MULHERES PORTADORAS DE PERFUMES... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)



Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus. E bem cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo... (Mc 16,1-2)

As mulheres revelam uma presença fundamental nos relatos da Páscoa. Elas seguiram e serviram Jesus com seus bens pelos caminhos da Galileia (Lc 8,1-3) e permaneceram fiéis até o final. São testemunhas da fidelidade nas situações limite. Frente à traição e a ausência dos discípulos, as mulheres foram significativas por sua lealdade. Enquanto o grupo de homens se trancou, elas optaram pelo enfrentamento da realidade, vencendo o medo.

Destas mulheres que foram ao sepulcro na manhã de Páscoa levando perfumes podemos aprender como enfrentar os acontecimentos com sabedoria e audácia.

Elas são as mulheres “mirróforas”, portadoras de perfumes, que madrugaram para ungir o corpo de Jesus. São conscientes do tamanho da pedra e de sua impossibilidade de removê-la, mas isso não é obstáculo para fazer memória d’Aquele que abriu para elas um horizonte de sentido. A alusão ao “primeiro dia da semana” e o “nascer do sol” acompanham a entrada delas em cena, na madrugada da Páscoa: estamos no começo da Nova Criação e a luz da Ressurreição as envolve em seu resplendor.

As mulheres foram as primeiras que viram este instigante sinal: a grande pedra tinha sido removida e o túmulo estava vazio. E foram as primeiras a “entrar”. Entraram no túmulo, entraram no mistério que Deus realizou com sua vigília de amor. Não há Páscoa sem mistério. “Entrar no mistério’ significa capacidade de assombro, de contemplação; capacidade de escutar o silêncio e sentir o sussurro de fio de silêncio sonoro no qual Deus nos fala. ‘Entrar no mistério’ requer de nós que não tenhamos medo da realidade: não nos fechemos em nós mesmos, não fujamos perante aquilo que não entendemos, não fechemos os olhos diante dos problemas, não os neguemos, não eliminemos as questões...
‘Entrar no mistério’ significa ir mais além das cômodas certezas, mais além da preguiça e da indiferença que nos freiam, e pôr-se em busca da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal às questões que põem em crise nossa fé, nossa fidelidade e nossa razão.
Para ‘entrar no mistério’ é preciso humildade, abaixar-se, descer do pedestal de nosso eu tão orgulhoso, de nossa presunção. A humildade para redimensionar a própria estima, reconhecendo o que realmente somos: criaturas com virtudes e defeitos, pecadores necessitados de perdão. Para entrar no mistério é preciso este abaixamento que é impotência, esvaziando-nos das próprias idolatrias. Sem adorar, não se pode entrar no mistério (Papa Francisco – Missa da Vigília Pascal – 2015).

O jovem de branco associa a ressurreição a uma tumba vazia: “Ressuscitou, não está aqui” (v.6).
A busca deverá ser feita no espaço onde se desenvolve a vida. “...dizei a seus discípulos e a Pedro...” (v.7). Marcos cita os discípulos. Elas foram mensageiras da boa notícia. Ele irá à vossa frente, na Galileia; lá vós o vereis, como ele mesmo tinha dito (v.7).

Voltar à Galileia... Foi ali que Jesus começou sua vida pública, e marca o começo da nova comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus. “Lá vós o vereis...” Ver Jesus significa carregar em nossas pobres mãos o perfume da Nova vida ressuscitada.

Trazemos a força sanadora do perfume de Cristo, para sermos presença diferenciada em lugares que cheiram à morte, e manifestar a beleza da vida cristã.

A todos uma FELIZ E SANTA PÁSCOA!    


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