Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de
Jesus. E bem cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do
sol, elas foram ao túmulo... (Mc 16,1-2)
Destas mulheres que foram ao
sepulcro na manhã de Páscoa levando perfumes podemos aprender como enfrentar os
acontecimentos com sabedoria e audácia.
Elas são as mulheres “mirróforas”, portadoras de perfumes, que madrugaram
para ungir o corpo de Jesus. São conscientes do tamanho da pedra e de sua
impossibilidade de removê-la, mas isso não é obstáculo para fazer memória
d’Aquele que abriu para elas um horizonte de sentido. A alusão ao “primeiro dia
da semana” e o “nascer do sol” acompanham a entrada delas em cena, na madrugada da Páscoa: estamos no começo
da Nova Criação e a luz da Ressurreição
as envolve em seu resplendor.
As mulheres foram as primeiras que viram este instigante sinal: a grande
pedra tinha sido removida e o túmulo estava vazio. E foram as
primeiras a “entrar”. Entraram no túmulo, entraram no
mistério que Deus realizou com sua vigília de amor. Não há Páscoa sem mistério.
“Entrar no
mistério’ significa capacidade de
assombro, de contemplação; capacidade de escutar o silêncio e sentir o
sussurro de fio de silêncio sonoro no qual Deus nos fala. ‘Entrar no mistério’
requer de nós que não tenhamos medo da realidade: não nos fechemos em nós
mesmos, não fujamos perante aquilo que não entendemos, não fechemos os olhos
diante dos problemas, não os neguemos, não eliminemos as questões...
‘Entrar no
mistério’ significa ir mais além das cômodas certezas, mais além da
preguiça e da indiferença que nos freiam, e pôr-se em busca da verdade, da
beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal às
questões que põem em crise nossa fé, nossa fidelidade e nossa razão.
Para ‘entrar
no mistério’ é preciso humildade, abaixar-se, descer do pedestal de nosso eu tão
orgulhoso, de nossa presunção. A humildade para redimensionar a própria estima,
reconhecendo o que realmente somos: criaturas com virtudes e defeitos,
pecadores necessitados de perdão. Para entrar no mistério é preciso este
abaixamento que é impotência, esvaziando-nos das próprias idolatrias. Sem adorar, não se pode entrar no mistério” (Papa Francisco – Missa da Vigília Pascal – 2015).
O jovem de branco associa a
ressurreição a uma tumba vazia: “Ressuscitou, não está aqui” (v.6).
A busca deverá ser feita no
espaço onde se desenvolve a vida. “...dizei a seus discípulos e a Pedro...”
(v.7). Marcos cita os discípulos. Elas foram
mensageiras da boa notícia. Ele irá à vossa frente, na
Galileia; lá vós o vereis, como ele mesmo tinha dito (v.7).
Voltar à Galileia... Foi ali que
Jesus começou sua vida pública, e marca o começo da nova comunidade dos
seguidores e seguidoras de Jesus. “Lá vós o vereis...” Ver Jesus
significa carregar em nossas pobres mãos o perfume
da Nova vida ressuscitada.
Trazemos a força sanadora do perfume de Cristo, para
sermos presença diferenciada em lugares que cheiram à morte, e manifestar a
beleza da vida cristã.
A todos uma FELIZ E SANTA PÁSCOA!
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