A integração pessoal e a pacificação interior não são fáceis. As decepções são frequentes e profundas. Os relacionamentos não são consistentes e, logo depois dos primeiros contatos, o desencanto brota no coração. Não somos o que queremos nem os outros nos preenchem satisfatoriamente. Somos distorcidos, e escondemos por pouco tempo nossos defeitos e manias. Somos complexos em demasia. E se não nos entendemos, como poderemos compreender o mistério dos outros? Os relacionamentos humanos são frágeis e artesanais.
Ao mesmo tempo, somos profundos nos sentimentos e superficiais nas consequências que derivam deles. Se entra de cheio em novos relacionamentos, que se perdem com o tempo. O desgaste afetivo é enorme, aumentando progressivamente os desenganos amorosos.
Conheço muitas pessoas rotas por dentro, necessitadas de gratuidade e carinho. Como levantar a cabeça e não entrar em desesperos existenciais com tamanhos desencontros? Não precisamos ir muito longe para constatar as consequências desastrosas desta falta de integração pessoal. Alguns não conseguem sobreviver por suas próprias forças e recorrem hipocondriamente a médicos, a analistas ou a gurús pseudo-religiosos. Outros buscam nos fármacos a forma de suportar com paciência as consequências do seu lado negativo e sombrio.
O lado “sombrio” inconsciente esconde `fantasmas´, `monstros´ e `personagens deformadas´que nos assustam. Lembro de uma pessoa que me disse: “tenho medo de adentrar em mim e nomear os “demônios” que me habitam...” Mas, se não o fizer `personagens negativos´ se multiplicarão e se manifestarão continuamente de muitas e diversas formas: pensamentos (imagens...), desejos egoístas, sentimentos depressivos, psicomatizações, pesadelos... Eles não se cansam de manifestar colocando nossa paciência `prova. Como escapar desse tiroteio contínuo?
Diante do “imaginário negativo”, alguns tentam reprimi-lo sem resultado; outros o concretizam levianamente, mas há também aqueles que, pelos valores transcendentais que introjetaram, sentem-no, o assumem, não se assustam nem o concretizam.
Quanto de negativo herdamos do nosso passado? Não imagino. Só sei que cada um carrega não só o pai e a mãe, mas também os próprios antepassados. E convenhamos, quanto fardo negativo foi-se acumulando na própria história! O negativo dos nossos antepassados se não for integrado ou evangelicamente purificado se transforma em “virus psico-espirituais” que corroem as próprias entranhas e estruturas psíquicas. O que é, pois, um psicopata? Alguém que não percebe que goza fazendo os outros sofrer! O rato sabe quem é o gato, mas nós estamos indefesos diante do psicopata...
Depressões, desejos incontrolados, hipocondria exacerbada, neuroses agudas, paralisias psicológicas, timidez, estouros agressivos, doenças... são fruto da história consciente ou inconsciente do nosso passado. Como amar se nunca fomos amados?
O peso do nosso passado perde sua força na media que o conhecemos, verbalizamos e assumimos. Não é possível viver condicionados por fatos e experiências não vividas pessoalmente. Precisamos ser positivos conosco e com todos os outros. Para isso, é preciso eliminar palavras, juízos e ações que tornam os relacionamentos difíceis. Reconhecer o outro como irmão e nunca como adversário ou rival. Fazer desaparecer as manifestações de confrontação recíproca. Daí a necessária purificação da nossa memória histórica.
Os relacionamentos humanos são complexos, mas com amor se tornam fonte de grandes alegrias e enriquecimento.
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