Sabemos que a história da China é antiga, mas parte dela foi entrelaçada com alguns jesuítas do início do século XVII.
A capital da China, Pequim, ainda guarda vestígios da passagem desses primeiros missionários jesuítas, entre os quais os padres Mateus Ricci (1552-1610) e Diego de Pantoja (1571-1618) que ali viveram.
Neste quarto centenário da morte de Pantoja, ainda é possível encontrar em Pequim alguns lugares da passagem destes aventureiros de Jesus; aventureiros por adentrar numa cultura, então, totalmente desconhecida.
Pantoja chegou a Pequim em 1601, com o famoso Pe. Mateus Ricci. O Pe. Pantoja foi um expoente da política de adaptação dos missionários aos costumes da China, para promoverem uma evangelização inculturada.
Um dos lugares que mantêm a marca desses pioneiros é a catedral velha, construída originalmente em 1605. O edifício foi reconstruído várias vezes, após terremotos e incêndios, e fica no centro de Pequim. A catedral é a igreja cristã mais antiga da China.
Outro lugar importante é o antigo observatório astronômico, situado em uma das famosas muralhas, construída pela dinastia Ming. No terraço é possível admirar oito enormes instrumentos de observação astronômica, como esferas armilares, um sextante e um quadrante, fundidos em bronze sob a supervisão dos missionários.
Os jesuítas conseguiram ter boas relações com a Corte Imperial chinesa, graças em boa parte, aos conhecimentos que eles tinham de astronomia, pois ajudaram a corrigir o calendário chinês e previram com sucesso vários eclipses com seus conhecimentos científicos. Foi uma autêntica "diplomacia astronômica", pois, através da ciência, os jesuítas foram reconhecidos na corte imperial.
Entre outros missionários jesuítas destacamos o alemão Johann Adam Schall von Bell(1591-1666) e o belga Ferdinand Verbiest (1623-1688), que conseguiram cargos como diretores do observatório, no Ministério de Astronomia do império.
Pantoja também dirigiu a construção de relógios solares, levou um clavicórdio à Corte Imperial e escreveu obras de geografia para explicar ao Imperador como era o resto do mundo.
Por fim, o diminuto cemitério de Zhalan, construído expressamente para eles, difícil de visitar, pois está dentro do recinto de uma escola da administração local de Pequim e é necessária uma permissão especial.
O italiano Pe. Mateo Ricci, idealizador da catedral, morreu em Pequim, 1610, e o Pe. Pantoja solicitou ao imperador um terreno para erguer um cemitério católico, autorização que foi concedida um ano depois.
Os sepulcros seguem a tradição chinesa de longas lápides com inscrições gravadas em latim e chinês e com o escudo da missão jesuíta - a inscrição "IHS" - rodeado pelo dragão chinês, o símbolo do imperador, em seu topo.
O cemitério tem duas áreas, uma que abriga as sepulturas de Ricci, Verbiest e Schall von Bell, os três europeus de maior renome na corte. Na outra estão os túmulos de 63 missionários, a maioria europeus, sobretudo portugueses, franceses, italianos e alemães, embora também haja alguns chineses.
Os restos mortais do Pe. Pantoja não estão aqui, pois os jesuítas foram expulsos de Pequim em 1616, e ele morreu em Macau dois anos depois.
Esses homens deram suas vidas pelo povo da China, e mostraram que se pode ser plenamente chinês e também bom cristão.
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