O amor não pode ser silenciado...
A teologia de Inácio é experiencial, pois ele é um ‘mistagogo’ e não um teólogo. Deus, para Inácio, é alguém próximo, que se relaciona e espera uma resposta. Deus é, pois, capaz de amar e ser amado... Você já percebeu que só se relaciona quando ama?
Inácio descobre Deus em Jesus Cristo. Jesus é o Senhor, Salvador, Rei eterno... 'Pantocrator', Senhor da história, no qual todos encontramos nosso real e mais profundo significado.
Inácio tem uma mentalidade ‘icônica’: em Jesus descobre a profundidade da divindade. Quem me vê, vê o Pai!
Cristo é a porta da Trindade pelo qual o amor salvador do Pai nos chega. Salvando-me, me chamavas; chamando-me me
salvavas!... Este conhecimento interno de Cristo faz que Inácio seja íntimo de Deus e não só Deus ser íntimo de Inácio! A
teologia oriental diz que o homem está inserido na Trindade!
Inácio é um místico diferente (não de mais nem de menos!).
Ele conhece a Trindade ‘kenótica’, a da encarnação. Vê o Deus Trino olhando o mundo com
tal amor que o leva a sair de si mesmo e a se comprometer com a sua criação... Inácio fica extasiado diante desta ‘filantropia’
de Deus! Deus olha a humanidade e decide se fazer homem... Deus nos ama tanto que é capaz de até suscitar a nossa
resposta de compromisso!
O pecado é
mergulhar no absurdo do ‘não querer amar nem servir!’ É o
contrário de Deus! Deus vem ao nosso encontro e entra até onde nos tínhamos
escondido... Onde estás? No túmulo
dos mortos! E Jesus Ressuscitado entra nessas nossas misteriosas profundezas, até nos nossos túmulos!
Cristo chama e convida a segui-lo, não porque somos bons, mas porque Ele nos chama. Ele é a Palavra (Logos) do Pai, inicia o 'diá-logo' e espera por nossa resposta. Daqui a ‘respons-abilidade’, o ser excelente na resposta dada!
Qual a nossa tentação? A de ‘ser como Deus’... Adão
fixou seu olhar naquela árvore do Paraíso e dela esperou a VIDA e tudo o que é
divino: eternidade, sabor, gosto, sentido da vida... Esperava tudo e encontrou o
nada! Aquela árvore se secou e se transformou num caixão para ele. Também nós sentimos a mesma tentação, a de permanecer
fechados no nosso túmulo e olhar apenas o que é passageiro... Pecamos para obter alguma coisa em troca, como a auto-salvação! Uma tristeza infinita!
O homem, expulso do jardim do Éden, ‘se revestiu com pele de animais’... diz S. Gregório de Nissa, transformou-se num animal, vítima do seu instinto... O animal, para se alimentar, volta a
manjedoura... e Lucas nos diz, por três vezes, que Jesus-menino se encontrava
numa manjedoura, como nossa comida!...
Quantas vezes desviamos o
nosso olhar e nos ‘distraímos’ e até nos perdemos e despersonalizamos. O pecado é a máxima distração, mas também o lugar do encontro e da revelação do Deus
amor!
Hoje o psicologismo o iluminismo excluem o pecado e também
a salvação...
Temos necessidade de encontrar o Salvador e sermos
salvos. Essa foi a experiência de Inácio...
No NT os que
experimentaram o perdão foram os que mais amaram! Só depois de experimentar o perdão é que Pedro será
testemunha e mártir. O conhecimento
verdadeiro de Cristo está no perdão, um dos traços do rosto de Cristo. Não terás a lembrança do pecado (memória
má!), mas recordarás Aquele que foi ao teu encontro e te salvou... Essa é a chave de leitura de Jesus nos Exercícios Espirituais de
Inácio de Loyola: Ele me salvou, por isso é Senhor!
Quem foi resgatado das suas misérias se encontrou realmente com Jesus Cristo. Ele cancelou nossa memória 'distraída' e imprimiu no coração um novo Rosto que começamos a amar com todas as nossas forças.
Jesus é o rosto de Deus e os pobres e os que sofrem são o rosto de Jesus, pois as nossas feridas com as suas cicatrizes nos configura cada
vez mais com o Senhor Crucificado e Ressuscitado.
Uma pergunta: Quem é realmente o seu Senhor e Salvador?
gostei do seu blogue
ResponderExcluirAmei sua postagem. Tocou-me profundamente. Abraços
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