No dia 29/MAR/1549, após 56 dias de viagem, uma das maiores armadas portuguesas chegava na Bahia de Todos os Santos. Vindos de Portugal, os navios trouxeram mais de mil homens, entre eles, Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil, e um grupo de seis religiosos jesuítas, liderados pelo padre Manoel da Nóbrega, então com 32 anos: PP. Antônio Pires, Leonardo Nunes e João de Azpilcueta, junto com os irmãos Vicente Rodrigues e Diogo Jácome, o que lhes movia era o desejo de transmitir a doutrina cristã. Somos uma Ordem religiosa eminentemente missionária e que tem como finalidade ‘ajudar as almas’.
O grupo dos primeiros jesuítas a desembarcar no Brasil trazia a missão de difundir o Evangelho nas novas terras e catequizar os indígenas para a fé católica. A ousadia da Companhia de Jesus era levar a Palavra de Cristo para diferentes povos encontrados. Os jesuítas foram essenciais para a difusão dos fundamentos da civilização cristã, por meio da catequese e as escolas. A influência dos jesuítas na formação do Brasil é imensurável porque envolve aspectos religiosos, sociais, econômicos, artísticos etc. De 1550 a 1750, não se pode pensar em conhecer qualquer transformação do nosso País sem sentir a presença do legado jesuítico. Um desses legados está no desenvolvimento do primeiro mapa do País. A primeira cartografia do Brasil foi feita por um jesuíta.
Há quatro elementos fundamentais desse trabalho pioneiro dos jesuítas:
1º Reconhecimento do território nacional. Os jesuítas foram os primeiros a percorrer o Brasil de norte a sul dando consistência à consciência nacional e fundando vilas e cidades.
2º Preocupação dos jesuítas com as pessoas, sobretudo os indígenas.
3º Ensinamento da doutrina cristã. Não podemos julgar o passado com a consciência que temos hoje. Desse modo, um dos elementos que deu identidade a este País, e a Companhia foi responsável por isso, é a fé. A fé cristã e a fé católica.
4º Educação. Sem educação, não há identidade, pois é ela que nos permite dizer quem somos e isso não só como pessoas, mas também quem nós somos como comunidade e nação. A educação promovida pela Companhia de Jesus patrocinou essa consciência nacional.
Fundadores das primeiras cidades brasileiras, os jesuítas foram também pioneiros na educação na colônia portuguesa. Em 1550, criaram o primeiro colégio do Brasil, em Salvador e nos anos seguintes inúmeras instituições de ensino nos mais variados cantos do território brasileiro. O legado jesuíta é percebido não só na educação, referência até hoje como ensino de qualidade, mas também na cultura, na ciência e na política, entre outras áreas.
Para escrever a História do Brasil, é preciso primeiro escrever a História da Companhia de Jesus no Brasil, disse o historiador Capistrano de Abreu, pois até o século XVIII, as duas histórias se confundem.
Os jesuítas, em especial Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, no século XVI, participaram da fundação das primeiras cidades do Brasil: Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Pe. Manuel da Nóbrega foi o primeiro provincial do Brasil, e autor da peça teatral Diálogo sobre a conversão do gentio, considerada a primeira obra literária escrita no Brasil, e de O Caso da Mesa da Consciência, documento jurídico contra a escravidão indígena. Esses textos marcam o início do desenvolvimento do Teatro e do Direito no País.
Nóbrega percorreu todo o território que formava a colônia, de São Paulo a Pernambuco, e mapeou vilas e tribos. Nóbrega foi um dos responsáveis por nos dar essa visão nacional, e que conhecemos como identidade brasileira.
Anchieta foi uma figura marcante na história do País, considerado Apóstolo do Brasil. O jesuíta desembarcou em terras tupiniquins, aos 19 anos, em 1553. Em pouco tempo, tornou-se auxiliar de Nóbrega, dedicado professor e excepcional linguista; participou, ativamente, da fundação das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e foi figura fundamental na pacificação dos índios.
Anchieta era conhecido por sua agilidade intelectual, pela criatividade pedagógica e pela flexibilidade diante dos costumes das crianças. Sabia português, latim e espanhol e logo aprendeu o tupi, escrevendo a primeira gramática e traduzindo o catecismo e outros textos para a catequese das crianças. Educador, fundador do teatro, poeta, epistológrafo, etnólogo, indigenista, pacificador... são alguns dos títulos que os historiadores lhe foram dando.
Além de Nóbrega e Anchieta, outro jesuíta essencial é o padre Antônio Vieira. Para alguns, é a maior figura intelectual da cultura luso-brasileira do século XVII. Vieira veio criança para o Brasil e teve toda sua formação escolar na Bahia, revelando-se, desde muito jovem, o gênio que causaria espanto nas principais cidades europeias, sendo recebido sempre com louvores à sua excepcional eloquência e saber.
Vieira foi um missionário incansável na defesa da liberdade dos índios brasileiros, percorrendo as selvas da Amazônia e enfrentando os fazendeiros do Maranhão. Foi também o intelectual que frequentou os salões refinados da elite europeia, principalmente como interlocutor privilegiado de papas e reis.
Podemos destacar outros, por seu pioneirismo: no século XVI, o Pe. Fernão Cardim, autor dos Tratados da terra e gente do Brasil, livro inovador com textos sobre a sociedade tupinambá que influenciou os estudos da antropologia; no século XVII, o Pe. André João Antonil, pseudônimo do jesuíta João Antônio Andreoni, que escreveu o primeiro livro brasileiro de economiaao apresentar um detalhado quadro das principais riquezas do País nos seus dois primeiros séculos.
Por tudo isso, 2019 será um ano para olhar, de maneira criativa e agradecida, o passado e a atuação dos primeiros jesuítas.
A história ajuda a viver melhor o presente e sonhar um futuro promissor.
A história ajuda a viver melhor o presente e sonhar um futuro promissor.
Noraboa. Os jesuitas siempre fuisteis por delante. 470 años son mucho y no son nada.un fote abrazo, irmao
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