Nossas doenças como símbolos...




 

“De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que enfermidade...” (EE 23). Muitas vezes o corpo sinaliza o que, na realidade, a alma deseja, mas não o admite e, consequentemente, suplanta. Por isso, é bom sentir o próprio corpo para conhecer-se melhor. 

Existem quatro pontos de partida para esse auto-conhecimento:
·  Nossos pensamentos e sentimentos;
·  Nossos sonhos;
·  Nosso corpo como expressão da alma;
·  Nosso comportamento, trabalho e história de vida.

A doença é um símbolo através da qual o nosso interior se expressa, por isso quem conhecer a linguagem dos símbolos, se compreenderá bem melhor.

Toda doença passa uma mensagem importante sobre a nossa verdadeira condição humana, e precisamos entender o que essa nova situação nos quer dizer. Nossa doença pode se transformar numa importante fonte de auto-conhecimento se nos perguntarmos: O que esses sintomas me querem dizer?

Dizem que as causas mais comuns das doenças são as inibições da agressão, do desejo e da necessidade. Você já percebeu como a doença de um membro da família mexe com todos e acaba mostrando o estado emocional da mesma? Queremos realmente a cura da pessoa ou que ela deixe de nos incomodar? O que aprendo com essa doença? A doença não é, certamente, consequência de uma culpa moral ou psicológica. Jesus disse sobre o cego de nascença: nem ele pecou nem seus pais, mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus (Jo 9, 3). 

Toda doença aponta para uma limitação ou fragilidade humana, e nessas circunstâncias enquanto uns dependem, outros são convidados a sermos mais gratuitos e praticar atos de gratuidade. Toda doença é um mistério e faz parte da vida! Oxalá um dia possamos ouvir do próprio Senhor: Eu estive doente e me visitastes, me ajudastes! 

Há feridas (físicas, morais, emocionais...) que ficam abertas por muito tempo. O que fazer? Cair na interminável lamentação desoladora ou encontrar um significado misterioso, místico e magnífico de consolação da presença de Deus? Conhecemos pessoas doentes e magníficas, e  outras saudáveis desoladas e totalmente frustradas! A gratuidade do gesto fraterno nos torna humanos. Por isso, dependendo de nossa atitude interior, a doença pode se tornar em fonte de bênção ou de maldição.

A doença é tempo de graça preciosa para exercitar a paciência, a humildade e o amor. Muitas pessoas mudaram para melhor, após passar por uma convalescência prolongada. Estas pessoas reavaliaram sua vida e descobriram junto da misericórdia de Deus, a bondade das pessoas que dela cuidaram. A falta de educação e de amor é muito pior do que a doença que experimentamos. Minha cirurgia cardíaca me fez mais humano e, espero, que melhor cristão!  

Uma pergunta: Como você reage diante das suas doenças e das doenças dos outros?


2 comentários:

  1. Ei amigo,
    Paz! Seu texto me ajuda a compreender-me melhor em minhas limitações. Esta excelente. Obrigado. Deus e bom,
    Fernando

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  2. Olá, pe. Ramón.

    Muito bom o seu texto, concordo com seu ponto de vista. O nosso corpo 'fala', precisamos prestar atenção nele.
    Trabalho em hospital há muito tempo e em quantas vezes constatei que a enfermidade ajudou a resolver questões de relacionamento familiar, realinhar a própria vida, identificar o que realmente tem valor na vida... mas pra quem se abre à graça. E falando em graça, quantos irmãos que se colocam ao lado de quem sofre! Bendito seja Deus por essas pessoas! Aqui no HC temos um grupo lindo de voluntários visitadores.
    Um grande abraço.
    Célia

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