Palavras interiores e exteriores...


Faz algum tempo, um jovem escreveu a um famoso poeta pedindo uma opinião sobre os seus escritos. Tenho vocação para ser jornalista?... perguntou.

Sempre teremos perguntas e gostaríamos que alguém as pudesse responder. O nosso sábio poeta respondeu: Você me pergunta sobre os seus escritos e, provavelmente, já perguntou isso a outras pessoas... Vai ficar perguntando, até quando? Você olha mais para fora do que para dentro de si mesmo... Pare de fazer isso, pois ninguém poderá ajudá-lo ou aconselhá-lo, como você quer. Há só um caminho: procure em você mesmo as respostas; se achar razões válidas e o seu coração encontrar paz, decida e lute pelo que realmente deseja...”

Somos tão inseguros que muitas vezes precisamos da opinião dos outros para decidir o próprio caminhar!

Buscamos o apoio dos de fora e também praticamos mecanicamente o que todos fazem ou esperam que façamos. Lembro-me de um funcionário que não tomava nenhuma decisão com medo de desagradar o chefe. Ele só fazia o que lhe diziam para fazer e, como diz o nosso povo: não tinha atitude! Esta submissão e falta de criatividade ocasionaram sua demissão.

A Espiritualidade Inaciana, fruto da experiência de Deus nos Exercícios Espirituais, não é passiva nem massiva, pois personifica e tira do anonimato quem a pratica, seguindo o imperativo pessoal que a palavra interior lhe indica. O anonimato é, por desgraça, o refúgio dos fracos.

A percepção continuada da experiência das próprias moções nos posiciona de modo diferenciado e consciente, diante dos extremismos existentes ou impostos na nossa sociedade. 

Os seguidores da Espiritualidade Inaciana aprendem a tomar decisões a partir do discernimento pessoal e comunitário das moções percebidas e dos sinais dos tempos. Buscar dentro de si respostas significativas e solidárias é a forma mais coerente de viver e de encontrar sentido na vida. Progride quem agrega e estaciona quem se omite ou manipula. O positivo realizado nos abre e desafia, formando pessoas mais serviçais e comunidades mais criativas e participativas.

Não é fácil ser positivo!

O ativismo, esse estar sempre ocupado e com a agenda cheia, se tornou um modo habitual de viver. As pessoas incentivam umas às outras a manter-se em pura movimentação. Agitação e ocupação se tornaram estilos de vida, dão status e acabam se transformando em fonte inesgotável de cansaço e ansiedade.

Você já percebeu como os jovens andam sempre “plugados”, conectados no barulho do mundo exterior, e não conseguem manter em dia a vertigem de suas propostas? As mudanças externas são tão rápidas que nem a razão nem o coração conseguem acompanhar. Este descompasso cria frustração e não são poucos os que apelam para o uso de drogas legais ou ilegais, escondendo, desse modo, os contratempos e desenganos.

Esta visão positiva de Deus e do ser humano, profundamente amado pelo Criador, traz esperança e fundamento para todos. O mal, por mais espalhado que esteja, tem os seus dias contados.

Uma pergunta: Sua espiritualidade o humaniza?

2 comentários:

  1. Boa tarde Padre, sua benção.

    Artigo excelente muito obrigado por partilhar conosco sua experiência espiritual.
    Um abraço Rodrigo Vicente.

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  2. Belo artigo para ser lido e aplicado no mundo de hoje. Devemos encontrar uns minutinhos para nos espiritualizarmos no nosso dia a dia.

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