Os filhos do silêncio...



Ter um filho é uma responsabilidade séria. Sabemos que há mães que ocultam o nome do pai, após um relacionamento fugaz e negativo. Mas outras são vítimas, impedidas pelo estado clerical de casar com o fautor do embaraço. Temos, pois, um número significativo de meninos e meninas que desconhecem o pai, por estes serem transferidos rápida e ocultamente, após a descoberta indesejada da paternidade. Surgem, pois, os filhos do silêncio, de presbíteros infiéis ao celibato. 

Durante uma hora e meia o secretário geral da Conferência Episcopal Francesa ouviu alguns testemunhos sobre esse tema, até agora tabu. Quais os "sofrimentos" desses meninos e meninas, considerados fruto do pecado, e rejeitados ou criados no segredo e na vergonha? É a primeira vez que sentimos que a Igreja abriu suas portas para nos ouvir, disse emocionada a filha, 67 anos, de um padre já falecido. Algumas perguntas se levantaram: O que fazer com o padre que se encontra nessa situaçãoE com o filho ou filha desse relacionamento que pergunta pelo seu pai desconhecido? Como incluir todos, mãe e filhos, nas comunidades paroquiais?

O silêncio da Igreja não pode ser a única resposta. Há um documento do Vaticano, que estabelece as diretrizes a serem aplicadas àqueles que são chamados de "filhos dos ordenados". O critério fundamental é e será sempre buscar o bem da criança, o que permite que o padre abandone seu estado clerical "o mais rápido possível", para que possa assumir suas responsabilidades paternas. Isso não é fácil, pois alguns nem souberam que foram pais...

Os padres que têm um filho se deparavam com duas possibilidades dramáticas: manter o segredo ou ficar desempregados. Hoje já não é mais assim.

Até agora, a Igreja fez de tudo para esconder existência dessas centenas de homens no mundo, e que um dia violaram a regra do celibato. Diante do fato, usavam-se principalmente três métodos: a transferência imediata do transgressor, o acordo de confidencialidade (sigilo) imposto às mães, e os abandonos forçados ou provocados.

Comitê da ONU para os Direitos da Criança chamou a atenção do Vaticano, 2014, para mudar esta situação e comportamento desumano. Nunca houve uma palavra nem um gesto oficial em relação a esses filhos ocultos da Igreja. Mas, as coisas agora mudaram: Nenhum filho ou filha sem pai, e nenhum pai sem assumir publicamente o seu filho ou sua filha...

Silêncio nunca mais!

E você o que pensa?



2 comentários:

  1. Nossa... esse assunto é muito sério e delicado! É também uma ferida na Igreja e precisa de tratamento! Oxalá o Papa Francisco mudasse essa realidade... (K.R)

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  2. Difícil situação.
    Penso que o padre deveria abandonar o sacerdócio e assumir a família.
    Não vejo o sacerdócio como emprego... (M. Duarte)

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