Matrimônio e pastoral familiar...


A reforma da pastoral matrimonial e da pastoral familiar precisavam de uma melhoria corajosa que poucos ousariam fazer. Não era mais possível basear-se sobre pressupostos abstratos e obsoletos da antropologia, da eclesiologia e até mesmo do direito canônico para manter posições que não tinham mais sentido.

É o que fez o Papa Francisco com a Exortação Amoris Laetitiae criou um pandemônio com acadêmicos fixistas e tradicionalistas (cardeal Muller, mons. Camisasca...) escandalizados com o fato de uma evolução na pastoral da família. É uma ruptura do Papa Francisco em relação a seus predecessores, gritaram escandalizados.

Levantaram muita poeira e atacaram o Papa Francisco por todos os lados. De fato, foi colocado o dedo na ferida, pois não é apenas a doutrina sobre o matrimônio e a família, mas mesmo o próprio "depositum fidei". O que está acontecendo?

O Concílio Vaticano II pontualizou que a continuidade da grande tradição só é assegurada pela reforma da Igreja. A intervenção recente no Instituto João Paulo II foi necessária porque mantinham engessado nas suas formas envelhecidas o conteúdo grandioso do amor entre as pessoas. Queriam manter-se fieis ao passado e se perderam no presente. Não percebem que as aparentes descontinuidades asseguravam uma continuidade maior e mais profunda. A equipe acadêmica do Instituto sobre a família João Paulo II  permaneceram presos a soluções e linguagens típicas da segunda metade do século XIX, e não aceitaram as propostas do Papa Francisco. Em particular, não engoliram  um texto da Amoris Laetitia que diz:
"É mesquinho deter-se a considerar apenas se o agir duma pessoa corresponde ou não a uma lei ou norma geral, porque isto não basta para discernir e assegurar uma plena fidelidade a Deus na existência concreta dum ser humano."

Realmente, até então, prevalecia sempre a primazia da norma sobre o sujeito e a sua consciência reduzindo a teologia do matrimônio à moral, e a moral a uma série de "assuntos canônicos" que foram se tornando como o centro da doutrina sobre o matrimônio. Elevavam  o Direito Canônico a critério fundamental e bloqueavam qualquer nova asserção dogmática, moral ou pastoral. 

Esta operação, foi realizada no início dos anos 1980, e blindada com a Exortação apostólica `Familiaris consortio´, justapondo o magistério de João Paulo II com o do Papa Francisco. Tinham por revelado o que era uma legítima e contingente escolha histórica, para dar a "palavra definitiva" sobre o matrimônio e a família. Não podia ser assim. Para estar em continuidade com a verdadeira tradição era necessário sair desse funil. Os dois Sínodos sobre a Família, 2014 e 2015, realizaram essa virada histórica.



Um comentário:

  1. E a reforma dos padres, quando virá?
    Até quando teremos que suportar pedofilia, filhos de padres, enriquecimento (como o bispo de Limeira), politicagem e incoerências?

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