Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro... (Lc 16,13)
Alguns questionamentos: Será que somos tão espertos nas “coisas” de Deus como o somos com as nossas coisas? Somos tão astutos no serviço ao Reino como o somos para com nossos interesses? Somos criativos no anúncio do evangelho como somos no empenho por manter nosso prestígio, vaidade e poder?...
A parábola narrada por Lucas é provocativa, pois é como se Ele estivesse nos despertando para tomar consciência de quem controla nossa vida.
Em cada um de nós convivem luz e trevas, e a experiência diz que, quando nossos interesses estão em jogo, ativamos meios, recursos, argúcias e estratégias para sairmos vencedores... No Sermão das Bem-aventuranças Jesus declarou que o Reino dos céus é dos humildes e simples, no entanto, este Reino não pode ser construído com ingenuidade: os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz...
Mas, o que fazemos com o melhor que há em nós mesmos? Onde está nossa sabedoria para que o Reino atraia, seduza e mobilize?... Examinemos se não é tempo de colocar a serviço da luztoda a capacidade que colocamos a serviço de nossos interesses… Perguntemos se não é tempo de sermos mais criativos nas questões do Reino?
A sagacidade e a esperteza disparam quando se trata do “deus” dinheiro.No fundo, podemos cair na idolatria do dinheiro. Não se pode servir a dois senhores com pretensões e atitudes radicalmente opostas. E isso é o que acontece entre Deus e o dinheiro.
“Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. O texto grego usa a expressão “mamona”. “Mammon” era um deus cananeu. Não se trata de oposição, mas de incompatibilidade. Servir significa colocar nossa existência orientada para um lado ou outro. Se for o meu `EGO´ terei uma vida egoísta e ego-centrada. A busca desordenada do `dinheiro´ também diviniza falsamente o próprio `ego´.
Falamos do dinheiro como “deus”pois todas as funções religiosas que antes eram dirigidas a Deus, agora são desviadas e ocupadas pelo “deus” dinheiro.
A religião centrada no “dinheiro” também se apresenta como uma “experiência da totalidade”, e seu culto contínuo é o `consumo´. Eu fico arrepiado quando vejo bastante gente esperando pacientemente abrirem as portas dessas novas e falsas `catedrais´. O deus dinheiro dá segurança e garante o futuro...
Para os que tem “afeição desordenada” ao dinheiro, Deus não cabe mais no seu coração, pois seus afetos foram desviados. Segundo Lutero, o dinheiro é “o ídolo mais comum na terra”.
De fato, o culto ao “deus dinheiro” alimenta uma lógica perversa de desumanização, rompendo mesmo os laços de família e de fraternidade. Esta realidade nos afeta a todos.
Na parábola de hoje, Jesus não justifica a injustiça do mal administrador; releva a astúciaque tinha para buscar uma saída ao ser despedido da administração.
Ser astuto, esperto e criativo não é mau; tudo depende para que coisas somos astutos. O astuto busca soluções, justas ou injustas, mas busca saídas.
com esta parábola, Jesus nos faz uma série de advertências: Segui-lo não significa ser ingênuo ou alienado, mas criativo e ousado para as coisas do Reino.
Jesus quer seguidores capazes de arriscar para construir uma outra sociedade possível, onde a partilhasubstitui-a a acumulação e a fraternidade o egoísmo.
Aliás, onde há partilha, nunca falta nada...
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