A visita do Papa Francisco ao Japão destaca a dolorosa história dos primeiros cristãos no país do Sol Nascente, convertidos no século XVI, e depois perseguidos transmitiram sua fé clandestinamente por mais de 250 anos.
Sua existência e desventuras foram conhecidas pelo grande público, anos atrás, pelo filme "Silêncio", do diretor americano Martin Scorsese, baseado no livro do escritor católico japonês Shusaku Endo.
Ao desembarcar na ilha de Kyushu, no sul, o Papa também irá refazer os passos de outro jesuíta como ele, San Francisco Javier, missionário espanhol, que chegou a este lugar em 1549.
Com a chegada desses primeiros missionários, os governadores militares locais, os "shoguns", sentiram seu poder ameaçado e começaram um longo período de perseguições e massacres. Por isso, não hesitaram em torturar, crucificar e afogar lentamente, aproveitando as fortes marés da costa, cristãos estrangeiros ou convertidos.
Pouco depois, o cristianismo foi formalmente proibido e o Japão fechou para o mundo em 1639.
Quando o país deixou seu isolamento voluntário, dois séculos depois, um missionário francês estupefato explicou que viu um grupo de moradores chegando à sua igreja um dia que queria ver a estátua da Virgem Maria.
A fé foi transmitida secretamente, por gerações, entre os chamados 'kakure kirishitan' (cristãos clandestinos). Naquela época, na segunda metade do século XIX, havia cerca de 60.000.
"Eles conseguiram preservar sua fé por um longo tempo sem religiosos ou bíblias. É um caso único na história da Igreja", destaca o padre diretor do Museu dos 26 mártires em Nagasaki, que o papa visitará.
O visitante atual ainda pode sentir a emoção que moveu os religiosos ocidentais em meados do século XIX. Pescadores e agricultores cantam canções com palavras do outro lado do mundo, como "Santa María", "Spirito Santo" ou "San Pedro", misturando em suas orações japonês, latim e português.
O Japão tem 128 milhões de habitantes, e a grande maioria são budistas ou xintoístas. Os cristãos são apenas 2,5 %.
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