Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa...
Estamos no centro da Encarnação. Os relatos “da infância de Jesus” (Mt e Lc), não são crônicas nem “história” no sentido que hoje damos à palavra. São “teologia narrativa”. Neste domingo Deus nos revela que dirige a história por meio de pessoas eleitas, mediadores ou transmissores de sua vontade.
O acontecimento mais importante da história da salvação é o Nascimento do Filho de Deus, e José está profundamente ligado a esse mistério. Segundo Mateus, José é o primeiro a ser revelado o mistério que Maria guardava em seu ventre.
Quantas coisas acontecem envolvidas pela noite e pelo mistério. Enquanto o agricultor dorme, rompe-se a casca e cresce a semente acompanhada de expectativas e esperança.
A noite é habitada por Aquele que vem.
O mistério da Encarnação de Jesus significou também “a paixão vivida por José, esposo de Maria”, e seus momentos de angústia em seu coração; momentos de pura fé na palavra de Deus.
José, assim como Maria, vai além da lógica e das condições humanas; também ele termina sendo “o servo do Senhor”, dizendo em seu coração: “faça-se em mim segundo tua palavra”.
Deus diz a José: “Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa”. Há homens que são grandes por acolher a lógica de Deus, diferente da nossa. José foi grande por sua fé.
José era um noivo galileu, trabalhador, pertencente a uma nação oprimida e a uma categoria social marginada. Deus nasce no desapego, na doação, no despojamento e na fragilidade do que nem imaginamos.
José é um homem discreto, e sua presença é silenciosa. Não podemos entender a presença de José em função de si mesmo, mas a serviço de Jesus e de seu mistério. O silêncio de José não tem nada de ingênuo, mas é o daquele que escuta atentamente para assim poder servir melhor.
José é o homem `justo´. O têrmo é sinônimo de piedade, respeito ou reverência em relação ao mistério de Maria. O `Justo´ por excelência é Deus.
O homem `justo´ é aquele que, como Abraão, acolhe na fé a vontade de Deus e com Ele colabora. José é `justo´porque confia em Deus, e arrisca-se com Deus, pois se ajusta ao modo de agir de Deus. José se coloca na linha das grandes figuras da história da salvação.
Este José é hoje o homem do Advento; também nós somos `José´, sempre que no meio de nossas obscuridades e dúvidas nos aferramos mais a Deus, e não abandonamos nossa missão. É normal que, ao adentrar-nos em nosso próprio mistério, nos encontremos com nossos medos e preocupações, nossa mediocridade e incoerência. Mas Deus quer se servir de nós; Ele sempre conta conosco para uma nobre missão. Não devemos nos inquietar, mas permanecer no silêncio.
Este mistério de bondade, perdão e salvação, está também em nós. Se o acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria do Natal.
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