É evidente que `todos´ fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Também é verdade que a sexualidade é um aspecto indivisível da nossa humanidade. Assim, pois, por que negar a espiritualidade a pessoas homo-afetivas? Estas pessoas se relacionam com Deus como elas são, como gays. E a direção espiritual não pretende que os dirigidos se conformem às posições oficiais da igreja.
Certamente há uma ligação entre a vida ética e a vida espiritual, mas elas não são sinônimas. Cristianismo e homossexualidade são incompatíveis? A Bíblia realmente condena os homossexuais? Na urdidura desse tecido existem diversos autores: Escritura, tradição, experiência, razão, pecado, graça, Jesus Cristo, Igreja... para chegar a um consenso. Ser gay ou lésbica é uma escolha ou um dom de Deus? Deus permite variações na sua criação, para o bem de todos. A condenação dos homossexuais é incompatível com o Evangelho de Jesus, e ser homofóbico é um pecado grave.
Jesus chama todos ao seu Reino, e não pede que rejeitemos nossa sexualidade, mas que a exerçamos de maneira responsável e amorosa. Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado... (Jo 13, 34).
Provavelmente defendemos os direitos civis das pessoas homo-afetivas, mas talvez os restrinjamos demais nas nossas comunidades e igrejas. Sabemos que a história da tradição judaico-cristã tem sido implacável na opressão de gays, lésbicas e transexuais, e é de admirar que pessoas que sofreram isso na própria pele participem ainda dos nossos cultos e celebrações.
Não é de estranhar que pessoas homo-afetivas possuam uma vida espiritual intensa e busquem Deus com um coração sincero, mesmo nos seus atos eróticos e venéreos responsáveis. A fidelidade é um valor buscado por muitos, e a vida sexual ativa é experimentada como boa e também como um caminho de aprendizagem para Deus.
Existe uma espiritualidade própria das pessoas homo-afetivas? Dois fatores importantes: 1ºLidar com a perda de expectativas próprias e dos familiares e dos amigos (não ser hétero!); 2ºProcesso de se assumir como gay ou lésbica (busca pelo verdadeiro `eu´, aceitação do lado sombrio e interpretação da ânima), para auto afirmar-se, abandonando o senso de culpa, e afirmando o próprio relacionamento com Deus e a Igreja.
Só um amor maior é capaz de curar nossos desamores!
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Muito bom seu texto. Lúcido... (E.R)
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