Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo... (Jo 4,13)
O deserto, muito presente no tempo quaresmal, aumenta nossa sede de Deus. Como nos saciar?
Há restaurantes que dispõem de diversos tipos de águas dos mananciais mais puros e dos aquíferos mais profundos. Uma água para cada sede e uma sede para cada água.
No entanto, no mais profundo de nosso ser, nos habita uma sede que nenhuma água pode saciar: sede de sentido, de plenitude, de vida inspirada e criativa... Bendita sede que nos mantém abertos a Deus e aos outros!
“Se tu conhecesses o dom de Deus...” Pessoas que ativaram a sede de justiça no deserto de uma injustiça asfixiante; pessoas que suportaram a sede de paz sob forte pressão das fábricas de armas. Pessoas que se encheram de Deus porque renunciaram a saciar sua sede com qualquer água.
Jesus junto ao poço de Jacó é a viva imagem de um “Deus sedento”. Na pequena Siquém, nossa sede e a sede de Deus se encontram. Nossa vida, carregada de tantas obrigações pode deixar-nos cair num deserto existencial interminável. Jesus acolhe nosso deserto... “Dá-me de beber” ressoará sempre no nosso eu mais profundo. Jesus nos convida a partilhar de nossa água com Ele.
Jesus cansado e sedento, sentado à sombra daquele poço, espera pacientemente por aquela samaritana que acode com seu pequeno balde para tirar água. Jesus lhe oferece água viva àquele coração frustrado de tantos “maridos”...
O judeu e a samaritana... Começam falado de água, de sede, de poços e de antigas desavenças entre judeus e samaritanos. Foi quando Jesus pediu água para beber... Era meio-dia e fazia muito calor... A samaritana procura manter a conversa em um nível trivial e superficial, fugindo do “novo” em sua vida. Jesus e a mulher terminam esquecendo-se da sede, da água, do poço e do balde. A samaritana se abriu às palavras daquele judeu imprevisível, e Jesus vai fazendo emergir os profundos vazios daquela mulher que começa a sentir o borbulhar do manancial em seu coração. Jesus, água viva, vai se esquecendo do poço de Jacó e abre uma nova fonte naquele coração machucado.
“Descer” ao fundo do poço para encontrar a riqueza profunda do infinito.
A CF/2020 com o tema “Vida, dom e missão”, nos motiva a despertar as potencialidades de vida que ainda permanecem adormecidas. É preciso “descer” até às profundezas para revitalizar o que se tornara vazio e ressequido.
A vida verdadeira sempre está oculta nas nossas profundezas. O “tesouro do ser” (certezas, intuições, projetos, valores...), ainda que pareça adormecido pelas decepções da vida, permanece à espera da promessa divina: Dentro de você correm rios de água viva!
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