Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram... (Jo 20,2)
Em Jesus ocorre algo totalmente novo. Ele traz uma nova maneira de viver que não cabe em nossos esquemas nem se encaixa em nossos hábitos. O “mistério pascal” é o salto para a novidade, a beleza, a transcendência e nos faz descobrir a verdadeira extensão da Vida.
Não encontramos o Ressuscitado no sepulcro, mas na vida. A pedra removida do túmulo aponta para o impensável: Ele vive.
Na madrugada da Páscoa, Maria Madalena vai ao túmulo, “ainda estava escuro...”. Mas, ao mesmo tempo, começava a clarear (“ao amanhecer”) e a “pedra estava removida”. Tudo parece anunciar algo definitivamente novo: é “o primeiro dia da semana”, uma nova Criação.
As mulheres são as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo, pois apareceu a elas em primeiro lugar, porque O tinham amado mais.
Na ressurreição, a vida se impõe simplesmente como dom. Tal realidade desperta fascinação, provocando admiração e veneração. Jesus ressuscitado é portador de uma vida inesgotável, revelada na madrugada pascal. Vida plena prometida por Jesus: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).
Para “Viver como ressuscitado” implica esvaziar-se do “ego”, e deixar transparecer o que há de divino e melhor em cada um de nós. Quem se experimenta isso é já uma pessoa “ressuscitada” e captam muitos detalhes que antes não percebiam. São contemplativos, místicos, criativos e mais sensíveis à dor e à injustiça. Ao saborear o presente da vida, vivem como se fossem já pessoas ressuscitadas.
A Ressurreição de Jesus não só “dá o que pensar”, mas sobretudo, “o que fazer”. O encontro com o Ressuscitado é fonte de vida e vida em crescente amplitude.
A “vida eterna” não é um prolongamento ao infinito de nossa vida biológica. É a dimensão inesgotável e decisiva de nossa existência. Ela torna-se “terna e eterna” desde já. A “vida” é uma totalidade, e pode ter tal plenitude que, com razão, podemos chamá-la de “vida eterna”, pois nem a morte terá poder sobre ela. A experiência do Ressuscitado nos faz ter um “caso de amor com a vida”.
Não sabemos viver quando nos conformamos com uma vida fácil, estéril e fechada ao novo. Quando acolhemos Jesus Ressuscitado, nossa vida se destrava e torna-se potencial de inovação criadora, expressão permanente de liberdade, consciência, amor, arte, alegria, compaixão... Vida com fome e sede de significado, que busca o sentido... Vida seduzida pelo amor, pela ternura.
O Ressuscitado nos precede, nos sustenta e, na liberdade de seu amor, nos impele a ampliar nossa vida a serviço. Nesse sentido, a vida tem a dimensão do milagre e até na morte anuncia o início de algo novo; ela carrega no seu interior o destino da ressurreição. A “vivência pascal” é o futuro convertido em “história nova”; é vida vivida com encantamento.
Rompido o túmulo, removida a pedra, resta caminhar. A Galileia que nos espera é o lugar do compromisso com a vida, a justiça e a paz.
FELIZ E SANTA PÁSCOA!
Feliz Páscoa
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