2. CRIADOS A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS...



Todas as pessoas foram criadas à imagem e semelhança de Deus. E também é verdade que a sexualidade é um aspecto indivisível da nossa humanidade. Assim, pois, por que negar a fé ou a espiritualidade a pessoas homo-afetivas? Estas pessoas se relacionam com Deus como elas são, como gays. E a direção espiritual não pretende que os dirigidos se conformem com as posições oficiais da igreja, mas que mantenha um relacionamento de amizade com o Criador. 

Certamente há uma ligação entre a vida ética e a vida espiritual, mas elas não são sinônimas. Você pensa realmente que a fé em Jesus e a homossexualidade são incompatíveis? A Bíblia realmente condena os homossexuais? Na urdidura desse tecido das Escrituras existem diversos autores: Escritura, tradição, experiência, razão, pecado, graça, Jesus Cristo, Igreja... para chegar a um consenso. Ser gay ou lésbica é uma escolha ou um dom de Deus? Deus permite variações na sua criação, para o bem de todos. A condenação dos gays é incompatível com o Evangelho de Jesus, e ser homofóbico é um pecado grave.

Jesus chama todos ao seu Reino, e não pede que rejeitemos nossa sexualidade, mas que a exerçamos de maneira responsável e amorosa. Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado... (Jo 13, 34).

Provavelmente, defendemos os direitos civis das pessoas homoafetivas, mas talvez os restrinjamos demais nas nossas comunidades e igrejas. Sabemos que a história da tradição judaico-cristã tem sido implacável na opressão de gays, lésbicas e transexuais, e é de admirar que pessoas que sofreram isso na própria pele participem ainda dos nossos cultos e celebrações.

Não é de estranhar que pessoas homoafetivas possuam uma vida espiritual intensa e busquem Deus com um coração sincero, mesmo nos seus atos eróticos e venéreos responsáveis. A fidelidade é um valor buscado por muitos, e a vida sexual ativa é experimentada como boa e também como um caminho de aprendizagem para Deus.

Existe uma `espiritualidade´ própria das pessoas homoafetivas? Dois fatores importantes:  Lidar com a perda de expectativas próprias, dos familiares e dos amigos (não ser hétero!);  Processo de se assumir como gay ou lésbica (busca pelo verdadeiro `eu´, aceitação do lado sombrio e interpretação da ânima), para auto-afirmar-se, abandonando o senso de culpa e afirmando o próprio relacionamento com Deus e a Igreja.

Todos fomos feitos à imagem e semelhança de Deus.

cf. James Empereur SJ. Direção espiritual e homossexualidade. Ed. Loyola, 2006



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