“Aja como se tudo dependesse de você, confie sabendo bem que,
na realidade, tudo depende de Deus” (S. Inácio de Loyola)
Quando nos vem a desolação, somos inundados por sentimentos negativos, que nos desintegram interiormente, trazendo a sensação de que Deus se esqueceu de nós. Esta experiência é um convite à maturidade espiritual, pois exigem superação e persistência, súplica e desejo de encontro com Deus. Este é o verdadeiro projeto que conduz à felicidade.
Eis algumas recomendações nos momentos de desolação espiritual:
- Não tomar nenhuma decisão significativa, já ficamos propensos a ser dirigidos pelos maus conselhos e tentados a nos desviar de nosso propósito de vida;
- Reagir firmemente contra a desolação, insistindo no encontro com a sua própria verdade interior, valendo-se da oração e meditação;
- Na desolação, não se desanimar, mas lutar contra e reagir: intensificar a oração; examinar mais a consciência buscando as causas da desolação; fazer penitência (intensificar a caridade; sacrificar-se mais pelos outros...).
- Cultivar o pensamento positivo, não caindo na tentação de se enredar por falsas ideias e sentimentos a respeito do que se está vivenciando. Fique firme no caminho de Deus.
- Perseverar na paciência ativa, confiante em Deus;
- Manter a esperança, acreditando que é possível superar as adversidades.
A desolação também pode ser vista como uma oportunidade de conversão, a partir do reconhecimento de nossa fraqueza. Momentos de desolação propiciam o sentimento de humildade, pois fazem enxergar que a consolação é graça de Deus.
O que o Papa Francisco nos diz sobre a desolação? A desolação espiritual «acontece a todos: tanto ao forte como ao débil... Mas, este estado obscuro da alma, sem esperança, desconfiado, sem vontade de viver nem de ver o fim do túnel, com muita agitação no coração e nas ideias», é vivido por todos os homens e mulheres. «A desolação espiritual faz-nos sentir como se tivéssemos a alma esmagada», que «não quer viver: “é melhor a morte!” foi o desabafo de Jó (Jó 3, 1-3,11-17.20-23).
Mas, disse o Papa, «quando o nosso espírito está neste estado de tristeza ampliada, que quase não temos fôlego, devemos compreender que isto «acontece a todos»: de modo mais ou menos acentuado, mas acontece a todos. Eis então o convite a compreender o que acontece no nosso coração, e questionar-nos sobre o que deveríamos fazer quando vivemos estes momentos obscuros, devido a uma tragédia familiar, uma doença, ou outra situação que nos desanima. Certamente não é o caso de «tomar um remédio para dormir e afastar-nos dos fatos, ou beber dois, três copos para esquecer, pois isto não resolve». Ao contrário, «a liturgia faz-nos ver como nos devemos comportar com esta desolação espiritual, quando estamos desanimados, e sem esperança».
«Chegue a ti a minha oração, Senhor». A primeira atitude é rezar. O Sl 87 ensina como rezar no momento da desolação espiritual, quando a tristeza se apodera do coração. “Senhor, Deus da minha salvação, diante de ti clamo dia e noite”. Por favor, ouve a minha súplica. Bater à porta: “Senhor, estou cansado de desventuras. A minha vida está à beira do inferno. Sinto-me como aqueles que descem à fossa, sinto-me como um homem já sem forças”...
Na vida, quantas vezes nos sentimos assim, sem forças. Contudo, o próprio Senhor nos ensina como rezar nestes momentos difíceis: “Senhor, lançaste-me na fossa mais profunda. Pesa sobre mim o teu furor. Chegue a ti a minha oração...” Isto é rezar com autenticidade e desabafar como um filho.
E como acompanhar quantos se encontram em tal situação? Diante de uma pessoa que está nesta situação, as palavras podem ferir. Basta tocá-lo, estar próximo, de modo que sinta a proximidade, e responder ao que ele pergunta, sem fazer discursos.
Quando uma pessoa sofre, e está na desolação espiritual, devemos falar o menos possível, e ajudar com o silêncio, a proximidade e a oração diante do Pai.
Que o Senhor nos ajude a reconhecer os momentos da desolação espiritual, quando estamos na escuridão, sem esperança, e a perguntarmos o porquê. Rezar o Sl 87. E muitas vezes, silenciar e respeitar o momento de escuridão.
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