Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando... (Mt 25,8)
As parábolas são relatos provocadores. Não são histórias edificantes, nem meditações piedosas, mas enigmas para pensar, decifrar e decidir o horizonte da vida. São imagens interativas que não tem a solução dada de antemão.
A parábola não está centrada no fim da vida, mas na inutilidade de uma espera que não é acompanhada de uma atitude de amor e de serviço. As lâmpadas devem estar sempre acesas, para ajudar a acolher as gratas surpresas da vida e poder participar da festa d’Aquele que continuamente vem ao nosso encontro. Se não queremos ser insensatos (sem sentido, sem direção), precisamos estar alertas, para viver a vida como deve ser vivida.
Nossa maior insensatez seria viver “sem horizonte”, sem desejos e sonhos. Se estamos adormecidos é preciso despertar, porque, do contrário, perderemos a oportunidade de entrar na festa das núpcias.
Portanto, ser “imprudentes” significa viver “dispersos”, “distraídos”... deixando apagar a lâmpada de nossa fé e de nossa esperança, e sem o azeite de reposição.
Por que as jovens prudentes não podem compartilhar o azeite com as imprudentes? Não é egoísmo; é impossível amar em nome de outra pessoa por isso a lamparina não pode queimar com o azeite de outro. A parábola do Evangelho nos fala daqueles que não cultivam sua esperança hoje e pretendem viver do azeite das lâmpadas dos outros. Ninguém pode viver da fé do outro, nem da esperança do outro!
Todos nós somos portadores de uma lâmpada e todos somos convidados à festa. Podemos inspirar-nos mutuamente a viver a partir de nossa verdade mais profunda, a partir da luz que nos habita. Só assim seremos luz verdadeira para os outros, e iluminaremos – humildemente – as obscuridades que nos envolvem, e contagiaremos a alegria de sabermos que fomos convidados à festa.
O “ego” é como um planeta do sistema solar; não tem luz própria. Adquire sua luz emprestada e, portanto, vive no engano de que pode continuar sempre assim, no tempo e no espaço. Por isso, o ego inflado com a luz que não é própria, busca, de maneira desenfreada, apoderar-se de tudo aquilo que lhe dá a ilusão de brilhar: poder, riqueza, vaidade...
Nós somos, ao mesmo tempo, a lâmpada, o azeite e a luz. Ninguém pode emprestá-los, porque é nossa própria vida. Dentro de nós, devemos descobrir a luz que iluminará nossos passos; essa chama, se é autêntica, não pode se ocultar, pois iluminará também a todos os outros. Uma luz que acende outras luzes.
A parábola deste domingo, portanto, nos provoca a uma tomada de posição: “em qual dos dois grupos eu me encontro? Em qual deles desejo estar?” A narração usa as imagens das lâmpadas e do azeite como símbolos que marcam a diferença entre um grupo e outro.
Nossa vida, enraizada na Vida d’Aquele que é a Luz do mundo, é chamada a irradiar luz, a iluminar a realidade na qual habitamos, embora, muitas vezes, a noite escura nos envolve.
“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14).
“Em que situação se encontra minha lâmpada? E minha reserva de azeite? De que modo colaboro para que o Noivo possa celebrar a festa? Como sou luz em meio a tantas noites de ódio e violência pelas quais nosso mundo atravessa?” Na realidade, de acordo com a parábola, todas as jovens carregavam suas lâmpadas; todas elas tinham sido convidadas à festa; todas alimentavam o mesmo desejo: aguardar a chegada do noivo.
O fato de pertencer a um grupo ou a outro dependem do nosso viver...
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