Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá... (Jo 11, 25)
Ontem, celebramos “Todos os Santos e Santas”: santidade universal. Hoje, fazemos memória de todos os Defuntos: realidade universal. Neste dia, poderíamos projetar sobre a lembranças dos nossos mortos a luz de “Todos os Santos e Santas”, a festa da vitória de Deus sobre as forças da morte.
As festas dos(as) Santos(as) e de Finados não são uma relíquia do passado, nem um negócio de floriculturas; é a oportunidade que temos de nos perguntar: O quê significa a morte para nós?
Recordamos todos os(as) falecidos(as), sobretudo aqueles(as) com quem convivemos e deixaram suas marcas em nossas vidas; recordamos eles também como presentes vivos “em-Deus”, Deus dos vivos; vivos em nosso coração pelo amor que lhes dedicamos; vivos nos frutos ue semearam em nossas vidas; vivos porque continuam amando, de um modo mais pleno, em Deus.
O ser humano é o único animal que sabe que vai morrer. A morte é inevitável e costuma-nos surpreender. No entanto, apesar de ser algo tão certo, não é fácil falar da morte, mesmo estando continuamente presente na nossa vida familiar e em nosso círculo de relações. Evitamos pensar sobre a nossa própria morte, o único evento certo que está diante de nós.
O ser humano pós-moderno inventa toda sorte de artifícios para não encarar este destino insuportável. Ele brinca e inventa mil coisas para adiar o prazo do fim. Ativismo, barulho, e desafios parecem afastar este momento. A morte está a nos espreitar. A morte nos surpreende apegados apaixonadamente à vida.
Para a fé cristã, a morte é passo para a comunhão plena. Podemos “viver de modo eterno” vivendo experiências significativas: amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar...
Confessamos que a vida dom é de Deus e, como Ele, é eterna.
Nossos ancestrais, são as raízes das quais vivemos. Finados é uma ocasião privilegiada para aprofundar sobre a árvore que somos. Somos seres da terra e do céu.
A morte não entende de títulos, de êxitos ou fracassos. Não é para viver assustados, temerosos ou ameaçados. A perspectiva de morrer ou de perder a quem amamos, não deve nos paralisar.
Rezar é tomar consciência da nossa comunhão cósmica. Todas as falhas passadas são também nossas, e todas as suas “virtudes” também nos pertencem. Em Deus, a humanidade é, toda ela, una como o próprio Deus é Um. Enfim, a nossa oração com e pelos nossos falecidos deve nos transformar, para que façamos nosso o amor de Deus por eles(as).
Como cristãos, temos o privilégio de olhar a morte de frente com esperança, pois é a porta para a vida eterna. Jesus Cristo nos precedeu na morte, e ressuscitou para nos dizer que não tenhamos medo. Não devemos nos preocupar com a morte, mas com a vida. A verdadeira pergunta não é: “existe vida após a morte?”, mas se “existe vida antes da morte?”
O “depois da vida” é um grande encontro, onde seremos perguntados “o quanto você viveu sua vida?”
Através do “morrer amanhã” criamos em nós a responsabilidade para viver o hoje com maior intensidade.
Quando nascemos recebemos o sopro do Criador; quando morrermos seremos “aspirados” para dentro de Deus. D’Ele viemos e para Ele retornamos.
Nesse sentido, a morte não é o fim da vida, mas sua plenitude, quando esta é vivida com sentido.
A morte é o parto para a vida plena.
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