"Estamos acostumados a uma cultura de indiferença e temos de trabalhar e rezar para fazer uma cultura de encontro. Resgatar em cada pessoa a sua dignidade como filhos de Deus...” (Papa Francisco)
A Cruz é o símbolo da indiferença que o mundo de maldades oferece às pessoas. É assim que os sistemas opressores agem contra quem investe sua vida em favor da vida.Mas, a história da fé cristã ensina que há pessoas que vivem de forma diversa. A vida de Jesus chegou até nós por uma comunidade destroçada pela morte. Precisamos superar a cultura da indiferença e do preconceito, que tendem a pensar que tudo está perdido. Somos portadores de que outro mundo é possível! É crível superar os tempos sombrios se não sucumbirmos à indiferença, e se formos capazes de nos indignar.
Jesus não ficou indiferente diante da fome, da doença, da violência e da morte...Seu modo de ser desestabilizou as instituições. Jesus foi condenado como herege e subversivo, por elevar a voz contra os abusos do templo e do palácio. Ele tornou-se um perigo.
O que descobrimos ao contemplar o Crucificado é a força destruidora do mal, e o fanatismo da mentira. Nessa vítima inocente vemos Deus identificado com todas as vítimas de todos os tempos. Jesus morreu de bondade e de esperança lúcida, de compaixão ousada, e de liberdade arriscada... A Cruz de Jesus tem sentido porque é consequência de uma opção em favor do Reino. A Cruz surge de sua vida plena e transbordante, e resume uma vida fiel ao Pai e a todos nós.
A Paixão de Jesus não é uma simples sequência de fatos, mas um confronto entre pessoas. Os personagens entram em contato direto com Jesus reagindo cada um a seu modo, vivendo cada qual sua tomada de posição frente a propostade Jesus. Cada qual com uma resposta diferente. Os evangelistas dão um destaque especial à presença de mulheressolidárias com Aquele que era vítima da indiferença da maioria. Elas não dizem nada, mas seus gestos, mãos, olhos, pés... falam por elas. A linguagem delas é a linguagem do encontro solidário. Elas nos falam de resistência e de fidelidade, de uma presença comovedora. Não afastam seus olhares do Senhor. O que para uns é escândalo e para outros loucura, para elas é a força de Deus.
Elas acompanharam a vida de Jesus, mas vai ser a morte d’Ele que lança uma forte luz sobre essas mulheres, tornando-as visíveis, para que todos as conheçam: Maria (mãe de Jesus), Madalena, Verônica, Susana... Misteriosamente vão aprendendo a conviver com a morte, com a d’Ele, com a dos outros, até com a própria.
Daqui para a frente elas se tornarão pedagogas de um encontro que gera humanidade; elas estenderão suas mãos solidárias sobre os necessitados, selando uma aliança de ternura com os mais necessitados.
Duas palavras ajudam a compreender o sentido da presença das mulheres junto à Cruz, e às vítimas da indiferença humana: compaixão e comunhão. Somos humanos na medida da nossa compaixão (com-paixão é padecer com), e na medida em que formos comunhão (comungar com o outro, com sua dor e sua alegria, com sua esperança e sua angústia). É o encontro levado a suas últimas consequências.
Tudo o que afeta o outro, nos diz respeito, e é nosso também. Só pessoas compassivas criam comunhão.
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