Ó Senhor, tu sabes que eu estou envelhecendo a cada dia.
Sendo assim, Senhor, livra-me da tolice de achar que devo dizer algo, em toda e qualquer ocasião.
Livra-me, também, Senhor, deste desejo enorme que tenho de querer por em ordem a vida dos outros.
Ensina-me a pensar nos outros e ajudá-los, sem jamais me impor sobre eles, mesmo considerando, com modéstia, toda a sabedoria que acumulei e que penso ser uma lástima não passar adiante.
Tu sabes, Senhor, que desejo preservar alguns amigos e uma boa relação com os filhos, e que só se preservam os amigos e os filhos quando não há intromissão na vida deles...
Livra-me, também, Senhor, da tolice de querer contar tudo com os mínimos detalhes e minúcias, mas dá-me asas para voar diretamente ao ponto que interessa.
Não me permita falar mal de alguém e ensina-me a fazer silêncio sobre minhas dores e doenças. Ambas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai crescendo a cada dia que passa.
Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a descrição das doenças alheias; seria pedir demais. Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com alguma paciência.
Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errado em algumas ocasiões. Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis.
Mas, sobretudo, Senhor, nesta prece de envelhecimento, peço:
Mantenha-me o mais amável possível.
Livrai-me de achar que ja sou santo. É difícil conviver com pessoas que não erram.
Mas um velho ou velha rabugentos, Senhor, é obra prima do capeta!
Me poupe para que eu seja tolerado!
Amém!
PD. Isso tem a ver algo contigo? O quê?
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