E transfigurou-se diante deles... (Mc 9,2)
No 2º domingo da Quaresma de cada ano, a liturgia nos convida a subir o Monte da Transfiguração para “contemplar Jesus por dentro”, e conhecer seu coração, seus desejos mais íntimos, enfim, o desvelamento da sua interioridade. Ao mesmo tempo, temos a ocasião para nos “olhar” por dentro e descobrir nossa verdadeira identidade.
Todos os grandes personagens bíblicos fizeram sua experiência de Montanha (lugar de intimidade com Deus e onde receberam uma “missão”). Também Jesus sabia reservar momentos de comunhão e escuta do Pai. No Monte Tabor Ele deixa “transparecer” seu coração e “desvela” o que a visão superficial não capta. Jesus de Nazaré foi pura transparência.
A Transfiguração de Jesus é símbolo das muitas “experiências de transfiguração” que todos experimentamos e irrompem momentos especiais, inesperados quando os olhos do coração nos permitem ver muito mais longe e mais profundo. A realidade é a mesma, mas aparece transfiguradapara nós, revelando sua dimensão interior. Essas experiências místicas permitem renovar nossas energias, na certeza de que “vimos o Invisível”.
Uma pessoa transfigurada vê o que todo mundo vê, mas de maneira diferente. Todos carecemos dessas experiências, para que nossa vida tenha maior certeza. Hoje podemos nos encontrar com Jesus no nosso Tabor interior, onde brilha a luz que nos faz “diáfanos” (transparentes), onde poderemos também ouvir a Voz confirmando nossa filiação: “este é meu filho amado”.
Busquemos, pois, o que nos transfigura, humaniza e diviniza. A Montanha é o lugar do encontro íntimo com o Senhor, mas também do encontro com o melhor de nós mesmos. A transfiguração é descoberta do “eu profundo”, e do Mistério que nos habita. Começamos a descobrir o nosso ser quando “mergulhamos” no misterioso relacionamento com Deus e permitimos que se torne fonte de nossa identidade.
Nossa vocação é, pois, deixar-nos “transfigurar”, cristificar. Essa é a nossa verdadeira identidade... E é isso que se pode afirmar de todo ser humano: cada um de nós é “filho amado”.
Nosso “eu profundo” é luminoso, transparente, simples, verdadeiro... A Transfiguração de Jesus possibilita ter acesso a um “lugar” sempre estável, sólido e permanente. A “Transfiguração”desperta em nós um novo “olhar” para perceber, com maior nitidez por onde andamos e como transitamos.
O monte da Transfiguração transforma as obscuridades humanas em caminhos de luz e esperança. É preciso transfigurar nossas relações humanas, rompendo o círculo da intolerância e da indiferença.
Trans-figurar é deixar trans-parecer nossa riqueza interior, imagem e semelhança de Deus. E não ocultar o que somos, com nossas frequentes desfigurações.
A transfiguração de Jesus nos convida a contemplar sempre a beleza presente em cada coisa e em todas as pessoas.
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