Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz... (Jo 3,21)
O contexto do Evangelho deste domingo é a conversa noturna de Jesus com Nicodemos, autoridade religiosa, membro do Sinédrio. Nicodemos representa a religião judaica, Jesus a vida nova. São muitos os que, no silêncio da noite, buscam a verdade de Deus e de si mesmos.
Nicodemos é um desses crentes anônimos e noturnos, em cujo coração já está atuando a graça. Ele recebe o anúncio de um rosto diferente de um Deus que ama e que salva. Jesus o convida a sair da escravidão da Lei, e lhe anuncia a necessidade de “nascer de novo” e lhe revela não o Deus da Lei, mas o Deus do amor exagerado. Um amor que é capaz de enviar ao mundo seu próprio Filho e que terá sua máxima expressão no alto da Cruz; um amor que não julga e nem condena; um amor tão amplo que abarca o mundo inteiro.
A partir do relato, narrado em Números, no qual Moisés eleva uma serpente de bronze sobre um madeiro para que os israelitas se curassem ao olhá-la, Jesus recorda ao mestre fariseu que Deus nos ama até extremos inconcebíveis, e deseja que todos tenhamos vida eterna, ou seja, definitiva, plena, feliz... Deus nos ama de tal maneira que chega até entregar-se a nós em seu Filho Unigênito.
Em Jesus Cristo, fica claro que Deus é do mundo e o mundo é de Deus, e a universalidade do amor salvífico de Deus, pois Ele é o Deus de todos os seres humanos. Isso faz cair por terra toda intolerância religiosa, todo preconceito e todo ódio. Frente aos conflitos e violências entre culturas e religiões, só há um remédio: o diálogo intercultural e inter-religioso, fundado no diálogo de Deus com toda a humanidade.
Apaixonados por Deus e pelo mundo que, em sua diversidade nos fala do novo rosto do Deus: Vocês todos são irmãos (fratelli tutti) e que o mundo é nossa Casa comum.
Na longa conversação noturna com Nicodemos, Jesus vai revelando a “verdade” do Pai, de si mesmo e de todo ser humano. Verdade que não se identifica com um modo de viver. Hoje, quando tudo parece discutível, nos perguntamos por aquilo que pode ser definitivo: a Fraternidade humana. Alguns buscam aparentemente a verdade e vivem realmente na mentira. Existem outros que, em nome dela excluem e odeiam. Devemos ser muito humildes na maneira de nos aproximar dos outros.
Jesus disse: “eu sou a verdade”, e não “eu tenho a verdade”. O importante não é ter a verdade, mas ser verdadeiro, transparente. “Andar na verdade” é identificá-la com o caminho mesmo da vida humana. A verdade não está na ciência abstrata, nem nas teorias puramente racionais, nem nos sistemas fechados... A verdade é a vida humana, como extensão da vida de Deus. Nossa verdade não é ir contra alguém, mas a favor de todos.
“Agir conforme a verdade nos aproxima da luz e do amor”. Uma vida na verdade é uma vida iluminada. O que realmente move nossa vida? Quem o quê fundamenta nossas decisões?
Despertar é simplesmente abrir nossos olhos à Luz, e deixar que esta luz ilumine nossas sombras interiores, trazendo à tona nossas aspirações e esperanças mais duradouras. Abrir os olhos e escutar fascinados a voz divina presente nas criaturas.
Tudo o que esperamos, já está dentro de nós. Um dinamismo misterioso nos abre e nos atrai, e impulsiona a ser, a viver. O sinal decisivo de que alguém crê no Deus de Jesus está na vida que leva; ou seja, viver como viveu Jesus de Nazaré. E se relaciona como Jesus fez, sentindo o que Jesus sentia, vivendo como Jesus vivia...
muito bom!!
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