O Pe. Rupnik, um renomado artista de mosaico e diretor espiritual, foi acusado de abuso espiritual, psicológico e sexual por várias mulheres adultas. Os jesuítas confirmaram, em fevereiro, que 14 novas denúncias haviam sido feitas, nenhuma com menores de idade. Se for confirmado que abusou de uma menor, segundo a lei canônica, não deveria mais ser padre, ainda que demitido do estado clerical, poderia permanecer na Companhia de Jesus. Tudo vai depender dele.
Livrar-se de alguém pode ser uma saída fácil e pode criar ocasiões para mais abusos.
A Companhia de Jesus é uma realidade heterogênea como toda a Igreja. Não somos melhores nisso. Temos nossos defeitos.
O Pe. Rupnik, já foi impedido de ouvir confissões, oferecer orientação espiritual e ministrar retiros. Está obrigado a pedir a permissão para exercer qualquer ministério público e está proibido de desenvolver atividade artística pública.
Seus mosaicos são peças de arte que decoram igrejas e capelas conhecidas, em Washington, Lourdes, Cracóvia e no próprio Vaticano.
Se eliminarmos as realizações dos que cometeram crimes, maltrataram e abusaram de outras pessoas, provavelmente sobraria muito pouco!
A questão do abuso do poder veio à tona apenas nos últimos quatro ou cinco anos tendo o sexo como ingrediente principal.
É uma curva de aprendizagem muito íngreme em relação aos principais elementos. Portugal deu uma boa contribuição para outros países, pelo menos no sentido de como uma comissão deve funcionar, apresentar relatório com profissionalismo e independência.
Há três razões pelas quais ainda não vemos muita transparência na Igreja em relação aos abusos.
Uma delas é não se apontar o dedo para a própria instituição. Quando alguém se apega à imagem e quer preservá-la supostamente atraentes, não admite erros.
Em segundo lugar, quando se reconhece o erro, mas o admitir vai trazer problemas.
Em terceiro lugar, quando a ideia da perfeição influencia fortemente a própria imagem. Jesus não nos pede para ser perfeitos no sentido de não ter faltas. Ele fala sobre a perfeição de Deus, o Pai misericordioso e amoroso.
O impacto dos abusos não se limita apenas à Igreja. Trata-se de um problema humano. Ressalte-se que 20% das meninas do mundo sofrem abuso e assédio sexual antes de completarem 18 anos. Não se comenta isso, nem mesmo em países onde há debates.
Na realidade, é preciso levar em consideração a voz de sofrimento das pessoas que sofreram dentro da Igrejae não apenas dos migrantes e dos pobres, mas daqueles que sofreram nas mãos dos próprios ministros da Igreja. Esse é o maior obstáculo.
E não é apenas um problema dos padres e da hierarquia, mas, muitas vezes, da comunidade paroquial que não permitiu que as vítimas falassem.
Isso destrói a imagem da Igreja!
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