Inácio de Loyola viveu numa época de reforma da Igreja, mas nem sua vida nem sua obra o catalogam como um reformador. Contudo, contribuiu muito na reforma dos membros da Igreja com os Exercícios Espirituais. Conversão, seguimento de Jesus pobre e humilde, discernimento como abertura constante ao Espírito e o «sentir com a Igreja» reformaram o impossível.
Inácio foi considerado por muitos como o anti-Lutero, mas não se via como tal. Ele vive um novo modo de «seguir» Jesus, sem a pretensão de reformar ordens religiosas anteriores. Apresentou algumas novidades: suprime o hábito e o rezo coral; não existem penitências de regra; superior geral é vitalício; não há regime comunitário capitular, etc. Estas inovações lhe trouxeram in-compreensões e dificultades canônicas. Ele queria um corpo apostólico qualificado, disponível para ir a qualquer parte do mundo em missão, daí o voto de obediência e disponibilidade ao Papa.
A Companhia de Jesus não é a primeira entre as congregações de «clérigos regulares» (nascidas antes do Concílio de Trento como Teatinos, Bernabitas, Somascos..), em descontinuidade com as mendicantes do sec. XIII. Inácio preferia o título de «sacerdotes reformados»: vivem no meio do povo, seus templos estão no centro das cidades, pregam, e realizam gratuitamente seus ministérios, criam escolas, etc.
Inácio é contemporâneo do esforço reformador da Igreja católica com o Concilio de Trento. É verdade que diversos jesuítas participaram do Concílio como teólogos do Papa: Laínez, Salmerón e Jayo (Fabro morreu quando se dispunha a viajar a Trento). Inácio lhes entregava, 1546, uma Instrução de como se comportar em Trento: atender pobres e doentes, dar os Exercícios... mas nenhuma palavra sobre os grandes temas do Concílio... A crítica generalizada dos abusos causaria mais infortúnio que proveito. A verdadeira reforma deve começar por si mesmo.
O nome “Companhia de Jesus” não tem conotação militar, e está mais próximo a outras denominações frequentes da época: Confraria, Associação ou grupo... O nome de Jesus destaca: São amigos no Senhor. A reforma que Inácio buscava era a própria, a da suas pessoas, e que ele chama de mudança. «Seus irmãos, como todos os de sua casa conheceram pelo exterior a mudança que tinha acontecido interiormente» (Aut. 10). Ruptura com um estilo de vida e um novo agir. Inácio deixa Loyola e se faz pobre peregrino a caminho de Terra Santa… Monserrat estava previsto, mas não Manresa, onde ficou 10 meses entre orações, penitências e jejuns...
Assim nasciam os Exercícios Espirituais...
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