[335] 7ª regra. Nos que progridem de bem para melhor, o bom anjo toca a alma de maneira doce, leve e suave, como a gota de água que penetra numa esponja. O mau toca-a de modo agudo, com ruído e agitação, como a gota de água que cai na pedra. Aos que vão de mal a pior, os mesmos espíritos os tocam de maneira inversa. A causa disso está em ser a disposição da alma contrária ou semelhante a estes anjos; pois, quando é contrária, entram com estrépito e com sinais visíveis, perceptivelmente; e, quando é semelhante, entram em silêncio, como em sua própria casa de porta aberta. | 7. Para aqueles que vão cada vez mais no caminho de Jesus, seus convites ou chamados soam naturais, ao passo que os convites contrários soam estridentes. E a razão é clara: algo entra suavemente no que lhe é semelhante, e entra em choque com o que lhe é contrário. Exemplo: como uma gota d’água cai de maneira muito diferente numa esponja molhada (entra suavemente) ou numa pedra (não há assimilação; só respinga). |
Estas regras vão lembrar-nos de algo que já tratamos na 1ª e na 2ª Regra de 1ª Semana: que antes de atentar ao que experimentamos (se é agradável ou desagradável, “consolação” ou “desolação”), temos que saber onde é que está o meu “para”: se é o do Princípio e Fundamento ou se aponta para meu ego.
- Nos que progridem de bem para melhor; para aqueles que vão cada vez mais no caminho de Jesus: são os que seguem o “para” do P.F.
- o bom anjo toca a alma de maneira doce, leve e suave (na 2ª Regra da 1ª Semana, dizia, entre outras coisas, que experimentávamos o bom espírito “atenuando e removendo todos os impedimentos”, isto é, suavemente), como a gota de água que penetra numa esponja: não respinga e nem faz ruído.
- O mau toca-a de modo agudo, com ruído e agitação (na 2ª Regra de 1ª semana também se dizia: “por impedimentos, inquietando-as com falsas razões”), como a gota de água que cai na pedra: respinga e faz ruído; choca-se contra o duro da pedra.
- Aos que vão de mal a pior: isso corresponderia à 1ª Regra de 1ª Semana: seu “para” é o do Estímulo-Resposta.
- os mesmos espíritos os tocam de maneira inversa: na 1ª Regra de 1ª Semana, o mau espírito era experimentado com “prazeres aparentes” e o bom espírito com “remordendo-lhes a consciência”.
- A causa disso está em ser a disposição da alma contrária ou semelhante a estes anjos; E a razão é clara: algo entra suavemente no que lhe é semelhante e entra em choque com o que lhe é contrário: podemos entender isso com o exemplo do Banco. Se eu sou um delinquente, a proposta de assaltar um banco não me choca; no entanto, se me jogarem na cara a vida que levo, aí sim... isso me incomoda e inquieta. Pelo contrário, se mudei de vida, o que me choca é que me proponham o assalto.
Quer dizer, s. Inácio avisa-nos, antes de terminar estas regras tão complicadas sobre o discernimento, que o primeiro que tenho a fazer para distinguir se os movimentos que sinto são bons ou se me causam dano, é saber onde é que tenho posto meu “para”: o que for contra ele, me chocará; o que for a favor, agradar-me-á e, inclusive, deixar-me-ei levar sem sequer me dar conta.
Mas, como averiguar se meu “para” é o do Princípio e Fundamento ou o do Estímulo-Resposta? Talvez só me dando conta de como me deixa o que me agrada: se fico “seco e descontente”, estou no Estímulo-Resposta; se fico “alegre e contente”, o meu “para” é o do P.F.
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