[333] 5ª regra. Devemos atender muito ao decurso dos pensamentos. Se o princípio, o meio e o fim são todos bons, inclinados inteiramente para o bem, é sinal do bom anjo. Mas se o decurso dos pensamentos sugeridos termina em alguma coisa má ou que distrai ou que é menos boa do que a que a alma se propusera anteriormente fazer, ou enfraquece ou inquieta ou conturba a alma, tirando-lhe a paz, tranquilidade e quietude que antes possuía, então é sinal claro de que provém do mau espírito, inimigo de nosso proveito e salvação eterna. | 5. Temos que ficar muito atentos aos processos de nossos pensamentos e questões. Se, do começo ao fim, são positivos, podemos segui-los. Mas, se começam em bom caminho, e logo vão se desviando dele, ou se vamos perdendo a verdadeira liberdade ou a tranquilidade e paz profunda, então teremos que resistir a eles. |
Esta regra nos dá conselhos para que possamos descobrir os “enganos secretos” do “anjo mau, que se disfarça em anjo de luz”. Para isto, vai fixar-se em duas coisas: 1º os pensamentos que existem por detrás de minhas boas intenções, que me enchem de consolação e 2º o que vou sentindo. A regra propõe que nos fixemos não apenas nas razões, mas também nos sentimentos. Somente quando levamos em conta estas duas coisas é que poderemos descobrir nossos enganos e desculpas.
- Devemos atender muito ao decurso dos pensamentos. Temos que ficar muito atentos aos processos de nossos pensamentos e questões. Todos os “pensamentos” que me movem, na consolação, têm sua história e seu percurso em minha experiência. Aqui, s. Inácio nos avisa para estarmos muito atentos a esse percurso.
- Se o princípio, o meio e o fim são todos bons; se, do começo ao fim, são positivos: a história de nossos “pensamentos” tem um princípio, um percurso e apontam para algo. Diz s. Inácio que todo esse processo deve ser bom. É o mesmo que pedimos na oração preparatória[1]: temos que nos responsabilizar não apenas pelas boas intenções, mas também por tudo o que vier depois. Aqui, ele quer que controlemos tudo o que formos vivendo, e que não fiquemos tranquilos porque o começo foi bom, dando por suposto que o que vier depois também o será.
- inclinados inteiramente para o bem: falamos de “inclinação” quando algo não está claro, mas que pressentimos para onde tenderá sua inclinação. Pois bem, ele quer que nos atentemos para ver se o que estamos vivendo se inclina (aponta) para o bem.
- é sinal do bom anjo; podemos segui-los: quando comprovamos que todos nossos pensamentos apontam ao “para” do Princípio e Fundamento.
- Mas se o decurso (percurso) dos pensamentos sugeridos termina em alguma coisa:
1. má: às vezes, pegos de surpresa, descobrimos em nós, coisas não tão boas como acreditávamos ter. É necessário coragem e sinceridade para reconhecê-lo; do contrário, estaremos nos enganando.
2. ou que distrai: podemos dizer que não é alguma coisa má, como a anterior, mas tampouco leva a algo bom. Simplesmente, não leva a nada. Podemos dizer que nos “distrai” do “para” do P.F.. É simplesmente “passar um bom momento”: isso não vale a pena e nem preenche a vida. Seria algo parecido ao que as fantasias sobre aquela senhora nobre, deixavam em s. Inácio: “ficava seco e descontente”. É o mesmo que se mover no Estímulo-Resposta: uma vez que demos uma “resposta”, necessitamos outro “estímulo”. Se observarmos bem, nada disto é ruim em si mesmo, mas, se nos deixa sem rumo, sem nada que nos preencha, terminamos apenas “passando” por algo, mas não “vivendo”.
3. ou que é menos boa do que a que a alma se propusera anteriormente fazer: é a terceira coisa que pode nos fazer suspeitar de que a consolação que temos é falsa: quando nos deixa na metade do caminho. Quer dizer, no começo eu apontava para o 100, e estou no 60. Isto não é bom sinal (não estou “subindo de bem para melhor”), e somente eu mesmo posso descobrir isso e, se tiver o valor necessário para reconhecê-lo). E tudo isto nos levará a perceber...
- Mas, se começam em bom caminho, e logo vão se desviando dele, ou se vamos perdendo a verdadeira liberdade.
Até aqui, nos fixamos nos “pensamentos” que estão por trás da consolação. Agora, s. Inácio quer que atentemos a algo mais simples, mesmo que não tão claro: o que sentimos...
1. ou enfraquece ou inquieta ou conturba a alma: a pessoa perde força, fantasia e alegria.
2. tirando-lhe a paz, tranquilidade e quietude que antes possuía: tudo isto é como um sinal de alarme que nos avisa que o nosso “para” está mudando e que, portanto, temos que suspeitar de nossa consolação. É sinal para descobrirmos, em nossos “pensamentos” ou “sentimentos”, algum destes enganos.
3. então é sinal claro de que provém do mau espírito, inimigo de nosso proveito e salvação eterna; então teremos que resistir a eles.
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