Inácio de Loyola (1491-1556) viveu tempos de mudança, agitados, transbordantes de novidades e que punham em questão os valores até então reinantes. Após sua conversão, este homem passou a viver contínuos deslocamentos, internos e geográficos tornando-se um peregrino do Absoluto.
O Peregrino, como ele mesmo se chamava, avança como homem livre sem deixar-se aprisionar por nada nem por ninguém, aberto aos acontecimentos, pronto a servir a Deus nos outros. Aquela peregrinação geográfica o torna mais humano.
Segundo a tradição oriental, quanto mais próximo do chão estiver o corpo, mais livre fica a mente e mais sensível o coração... Quanto maior a proximidade e intimidade com a terra, mais profunda será a experiência espiritual.
Cada passo é uma oração e o caminhar um rosário de contas de boas ações. Não há uma “Terra Santa”, mas uma maneira santa de caminhar sobre a terra. É a nossa maneira de caminhar sobre a terra que a torna sagrada.
Mudar o nosso modo próprio de caminhar não é somente uma terapia psicossomática, mas pode ser também um bom exercício espiritual. Aceitar-se em nossa dimensão terrosa (húmus), nos faz mais humanos e adâmicos.
O equilíbrio do corpo e do nosso psiquismo dependem deste enraizamento. E se as raízes são sadias, a árvore será boa e forte, e produzirá bons frutos.
A tradição dos Padres do Deserto diz que todos nós temos os pés vulneráveis, feridos e maltratados. E temos necessidade de sermos curados no nível de nossos pés. Precisamos fazer o caminho que vai dos “pés inchados e feridos” aos “pés alados”; partimos de nossos pés pesados como se tivéssemos um fardo de memórias para carregar conosco. Este fardo de memória nos entrava a marcha e nos impede o caminhar.
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