Vivemos tempos paradoxais. Ambicionamos o melhor e, provavelmente, não o alcançamos; desejamos o menos bom e, por desgraça, às vezes até o conseguimos. Quais são esses mecanismos interiores volitivos que nos condicionam? O grau de satisfação pessoal e grupal não é grande. Estamos realmente satisfeitos com a situação mundial? E com o governo que temos? E se formos descendo no nível dos relacionamentos percebemos que gastamos muito tempo em manter o que já se desgastou e quase acabou.
A democracia é fundamental para o convívio humano, mas facilmente polarizamos posições e até excluímos pessoas que pouco ou nada tem a ver conosco. Nunca os nossos relacionamentos foram tão frágeis e susceptíveis. Uma palavra tola, uma ausência sentida, um gesto bizarro pode romper o que por anos se vinha construindo.
Poucos dias depois, participava de uma peregrinação com jovens vocacionados, percorrendo o Paraguai missionário (Missões jesuítas na região do Rio da Prata (1608-1768) com mais de 30 povoados: Trindade, S. Maria, Jesus, S. Ignacio, etc., onde moravam mais de 30.000 famílias guaranis). Entre os vocacionados, um aluno de psicologia, especialista no behaviorismo crítico ou radical (Ramo da psicologia que estuda o comportamento(behaviour) humano. É uma escola materialista). Falamos muito sobre o comportamento humano, e os condicionamentos que todos carregamos e, sobretudo, daquilo que essa escola nega: a liberdade e a transcendência. No final eu pensava: este jovem querendo ser tão “objetivo” como consegue ainda manter a sua fé em Jesus?
Em poucos dias tinha, diante de mim, dois posicionamentos contrários e bem excludentes: o “subjetivismo espiritualista” das pias discípulas do guru indiano e o “objetivismo materialista” do jovem psicólogo vocacionado. Quais deles tinha razão? Nenhum? Os dois? O posicionamento mais fácil seria tomar partido a favor de um por afinidade acadêmica ou excluir ambos por razões dogmáticas e religiosas. Não fiz nenhuma dessas coisas.
Convenhamos, estes posicionamentos extremos ou radicalizados os encontramos cada vez mais nas nossas vidas. Ao nosso redor não só há pessoas e grupos os mais diversos (espiritualistas, materialistas, etc.), mas também dentro das nossas casas e comunidades encontramos grandes diferenças: conflitos de gênero, de gerações, de culturas, etc. O que fazer? Identificar-se com uns e afastar-se de outros? Polarizar e radicalizar?... Quem conseguir dialogar com uns e outros, certamente integrou o “diferente” dentro de si e não incomoda nem é incomodado. As separações contundentes evidenciam dissociações pessoais internas graves.
E você o que pensa disso?
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