O dicionário Aurélio define assim o entulho: “tudo quanto serve para entupir... Conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, argamassa... Materiais inúteis; escombros, ruínas; lixo; coisas sem valor...”
São Doróteo (Doron = dom; Theos = Deus; dom de Deus.) de Gaza (século VI) disse certa vez: "Teu entulho, seja teu melhor pedagogo". Isto é, onde nós caímos e nos afastamos de Deus, é que aprendemos uma lição, e que nossas virtudes não são capazes de nos ensinar. Justamente onde nos deparamos com nossas fraquezas pessoais é que nos tornamos abertos para Deus. Deus nos educa justamente também através de nossos fracassos, através de nosso próprio "entulho". Por aí, Ele nos conduz pelo caminho da humildade e é somente este o caminho que conduz certamente a Deus.
Doróteo acreditava na importância das nossas quedas a ponto de dizer: "Nada acontece sem Deus. (...) Deus sabia que isso seria saudável para minha alma, e foi por esta razão que aconteceu como tinha de acontecer. Pois de tudo o que Deus deixa acontecer não há nada que seja inoportuno; ao contrário, tudo é totalmente conveniente e oportuno".
Tudo tem seu sentido; também nossas paixões e pecados. É todo esse ‘entulho’ que, de uma forma mais eficaz do que a autodisciplina, nos encaminha para Deus, garantia única de uma vida bem-sucedida. Não podemos garantir nada por nós mesmos, pois haveremos de cair sempre de novo nas mesmas coisas. Mas Deus haverá de conduzir-nos pelo seu caminho e para sua glória, apesar de todas as nossas dificuldades e com todo o entulho que temos...
Isto diz muito a quem busca fazer a vontade de Deus, e estar mais perto dele apesar da nossa "incompetência", de nossos pecados, quedas e fraquezas. Lembrei-me do meu amigo Alex que volta e meia se queixava de suas fraquezas, etc... E quem de nós, não? É por aí, pelas nossas fraquezas, que Deus nos conduz, para que não caiamos no pecado do orgulho, da vanglória, da soberba espiritual e para que nunca pensemos que fazemos alguma coisa por nós mesmos.
Somos sempre crianças, conduzidos pelas mãos do PAI que nos ama de paixão. “Tenha paciência comigo, pois Deus ainda não terminou de me criar!” dizia-me um jovem.
Para pensar e talvez partilhar:
1. Qual é o seu maior entulho?
2. O que o Senhor lhe diz sobre ele?
3. O que você diz a Deus sobre o seu entulho?
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