Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura... (Lc 2,12)
Jesus “desce” aos rincões da humanidade; sua Luz brilha no interior da gruta e a partir daí ilumina todo o universo. As grutas sempre despertaram fascínio nos seres humanos e ao mesmo tempo simbolizam o desejo de retornar ao ventre materno, lugar de segurança e aquecimento...
A contemplação do Nascimento de Jesus nos impulsiona a caminhar para uma Gruta. Entremos nela com respeito e uma atitude orante. Vendo o Menino Jesus na mangedoura sentimos que Deus assumiu a aventura humana desde seus começos até seu limite (vida e morte). Jesus é carne da nossa carne. No nascimento de Jesus é revelada a grandeza, a dignidade, o mistério inesgotável do ser humano. Nossa humanidade foi divinizada pela “descida” de Deus.
Acolhido pela natureza, Deus se deixou impactar por tudo aquilo que o rodeava. Deus adentrou na humanidade e nunca mais a deixou. A partir de agora, Deus pode ser buscado em em tudo o que é humano.
A linguagem da Gruta de Belém é poderosa, intensa e urgente. No seu interior ressoam as palavras mais humanizadoras e mais vivas: justiça, bondade, liberdade, igualdade, paz, compaixão, alegria, acolhida... Palavras que não podem ser esquecidas e que só podem ser pronunciadas diante do “Deus que se faz Criança” para que fiquem gravadas em nosso coração.
A Gruta também nos recorda que “Deus é Palavra”; Palavra que se fez Vida e históriae que se faz proximidade, encontro, abraço. Palavra que é eterna.
Nosso Deus é certamente contracultural, inesperado, surpreendente, pois não corresponde às ideias que forjamos d’Ele, é diferente, e não é óbvio que Ele seja assim.
É preciso estarmos abertos para as surpresas de Deus!
Entremos, pois, na gruta. Estamos frente a um mistério santo: Deus se fez um de nós, e compartilha nossa pobreza e precariedade. Aqui só tem lugar as atitudes de agradecimento, humildade, reverência e serviço.
Se contemplarmos Jesus na manjedoura, experimentaremos que algo nos move a mudar dentro de nós: mudança de sonhos e esperanças, e o modo de nos situar no mundo, e de nos relacionar com os outros, conosco mesmos e com Deus.
Belém pode mudar nossa vida. A contemplação do mistério do Nascimento de Jesus ativa em nós uma maneira cristificada de ser e de estar no mundo. “Entrar na Gruta” do Nascimento nos lança em direção ao mundo, à humanidade com toda sua miseria, nos faz mais universais e nos capacita para sermos contemplativos na ação.
Quem experimenta o encontro com Deus vivo e amoroso, começa a “ver” as pessoas como Deus mesmo as vê: criaturas muito amadas. O mistério do Nascimento de Jesus nos faz ser irmãos de todos.
É preciso sair dos limites conhecidos, e das nossas falsas seguranças. A vida está cheia de possibilidades e surpresas; inumeráveis caminhos que podemos percorrer...
Queremos, neste Natal, manter abertas as portas da esperança para todos os seres humanos, passar do “natal” do nosso ego, autocentrado e consumista, ao Natal que desperta em nós as melhores energias de vida, sempre em favor da vida.
E poderemos sentir a alegria de Maria, de José e dos anônimos pastores; a indizível alegria, aquela que só pode ser recebida como presente e da qual nasce o compromisso mais radical e esperançoso pela transforma-ção social que nosso mundo tanto necessita.
aquele Menino dei-tado numa menjedoura, porque nem sequer o viram; per-deram a capacidade de estar atentos, de manter os olhos abertos e o coração sedento.
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