Muitas vezes dizemos, no Credo, “creio na comunhão dos santos”.
O profeta Jeremias lembra-nos: «Maldito o homem que confia noutro homem [...] Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor» (17, 5-7). Até quando confiamos plenamente na intercessão de um santo, ou ainda mais na Virgem Maria, a nossa confiança só tem valor em relação a Cristo. Como se o caminho para este santo ou para Nossa Senhora não acabasse ali: não! Cristo é o vínculo que nos une a Ele e entre nós, e tem um nome específico: este vínculo que nos une a todos, entre nós e com Cristo, é a “comunhão dos santos”. Não são os santos que fazem milagres, não! Os santos não realizam milagres, mas é apenas a graça de Deus que atua através deles. Os milagres foram realizados por Deus, pela graça de Deus que age por intermédio de uma pessoa santa, uma pessoa justa. É preciso esclarecer isto. Há pessoas que dizem: “Não creio em Deus, mas creio neste santo”. Não, está errado! O santo é um intercessor, alguém que reza por nós e nós rezamos a ele, e ora por nós e o Senhor concede-nos a graça: o Senhor age através do santo.
O que é, então, a “comunhão dos santos”? O Catecismo da Igreja Católica afirma: «A comunhão dos santos é precisamente a Igreja» (n. 946). Mas, que bonita definição! “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja”. O que significa isto? A igreja é a comunidade dos pecadores salvos. A Igreja é a comunidade dos pecadores salvos. Como é bela esta definição! Ninguém pode excluir-se da Igreja, todos somos pecadores salvos. A nossa santidade é o fruto do amor de Deus manifestado em Cristo, que nos santifica amando-nos na nossa miséria e salvando-nos dela. Graças a Ele formamos sempre um só corpo, diz São Paulo, no qual Jesus é a Cabeça e nós os membros (cf. 1Cor 12, 12). Esta imagem do corpo de Cristo, a imagem do corpo, faz-nos compreender imediatamente o que significa estar ligados uns aos outros em comunhão: «Se um membro sofre todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, por sua vez, é um dos seus membros» (1Cor 12, 26-27). Paulo diz isto: somos todos um só corpo, todos unidos pela fé, pelo batismo, todos em comunhão: unidos em comunhão com Jesus Cristo. E esta é a comunhão dos santos.
A alegria e o sofrimento que atingem a minha vida dizem respeito a todos, assim como a alegria e o sofrimento que atingem a vida do irmão e da irmã ao nosso lado também dizem respeito a mim. Não posso ficar indiferente em relação aos outros, pois somos todos parte de um só corpo, em comunhão. Neste sentido, também o pecado de uma pessoa atinge sempre todos, e o amor de cada pessoa atinge todos. Em virtude da comunhão dos santos, desta união, cada membro da Igreja está ligado a mim de um modo profundo, estamos ligados reciprocamente e de maneira profunda, e este vínculo é tão forte que não pode ser interrompido nem sequer pela morte. Com efeito, a comunhão dos santos não diz respeito apenas aos irmãos e irmãs que estão ao meu lado neste momento da história, mas também àqueles que concluíram a sua peregrinação terrena e atravessaram o limiar da morte. Também eles estão em comunhão conosco. Pensemos, em Cristo ninguém nos pode separar verdadeiramente daqueles que amamos, porque o vínculo é um vínculo existencial, um laço forte que está na nossa própria natureza; só muda a forma de estar juntos com cada um deles, mas nada e ninguém pode interromper este vínculo. “Padre, pensemos naqueles que negaram a fé, que são apóstatas, que são perseguidores da Igreja, que negaram o batismo: também eles estão em casa?”. Sim, também eles, inclusive os blasfemadores, todos. Somos irmãos: esta é a comunhão dos santos. A comunhão dos santos mantém unida a comunidade dos crentes na terra e no Céu.
Neste sentido, a relação de amizade que posso construir com um irmão ou irmã ao meu lado, também a posso estabelecer com um irmão ou irmã no Céu. Os santos são amigos com quem muito frequentemente estabelecemos relações de amizade. Aquilo a que chamamos devoção a um santo é na verdade um modo de expressar amor a partir deste mesmo vínculo que nos une. Também na vida de todos os dias podemos dizer: “Mas esta pessoa tem muita devoção pelos seus pais idosos”: não, é um modo de amar, uma expressão de amor. E todos sabemos que podemos sempre recorrer a um amigo, especialmente quando estamos em dificuldade e precisamos de ajuda. E nós precisamos dos amigos no Céu. Todos precisamos de amigos; todos precisamos de relações significativas que nos ajudem a enfrentar a vida.
Na história da Igreja há algumas constantes que acompanham a comunidade crente: em primeiro lugar, o grande afeto e o vínculo muito forte que a Igreja sempre sentiu em relação a Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Mas também a honra especial e o afeto que Ela dedicou a São José. No fundo, Deus confia-lhe as coisas mais preciosas que tem: o seu Filho Jesus e a Virgem Maria. É sempre graças à comunhão dos santos que nos sentimos próximos dos santos e das santas que são nossos padroeiros, pelo nome que recebemos, por exemplo, pela Igreja a que pertencemos, pelo lugar onde vivemos, e assim por diante, também por uma devoção pessoal. E esta é a confiança que nos deve animar sempre a recorrer a eles nos momentos decisivos da nossa vida.
Glorioso Patriarca São José, cujo poder sabe tornar possíveis coisas impossíveis, vinde em meu auxílio nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações muito graves e difíceis que vos confio, para que possam ter uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está depositada em vós. Que não se diga que vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é grande como o vosso poder... E dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é grande como o vosso poder.
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