“Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência...” (Lc 9,29)
A experiência da Tabor nos arranca do caminho rotineiro e nos abre para um horizonte maior. Podemos reconhecer que a nós também nos foi dado o “gene” da transfiguração, que é força que nos move continuamente a não nos deixar determinar pela nossa autoimagem e aparência.
O relato da “transfiguração” de Jesus se situa expressamente em um contexto de oração. É ali onde, através da luminosidade do seu rosto, Ele deixa transparecer algo da sua verdadeira identidade.
O que há de divino em Jesus está em sua humanidade. Só no humano transparece Deus.
Por isso, uma pessoa transfigurada é uma pessoa profundamente humana. Em outras palavras, a vivência do humano nos diviniza. Transfigurar é descentrar-se e expandir-se na direção do outro.
O Tabor não só é o lugar do encontro íntimo com o Senhor; implica também o encontro com o melhor de nós mesmos (nossa identidade); a Montanha nos “transfigura”.
A experiência orante no alto do “Tabor” é o meio privilegiado para voltarmos a mergulhar continuamente nessa Luz de onde procedemos. A oração ajuda a evangelizar até as profundidades do nosso ser. Este é o nível da graça, da gratuidade, da abundância, onde mergulhamos no silêncio, à escuta de todo o nosso ser.
Assim, a divina pedagogia evoca a verdade do ser humano, comporta uma pro-vocação, uma proposta que o move a potencializar ao máximo seus recursos internos, revelando aquilo que ele é capaz... Deixar-se “iluminar” pela Luz do Tabor significa uma autêntica experiência e que tem efeitos explosivos: é novidade que surpreende e às vezes até assusta.
“Subir” o Tabor é deixar-nos conduzir pela presença do Espírito de Jesus, para “descer” com mais vigor e ânimo ao vale do cotidiano e ao compromisso na prática do bem e da justiça. Tabor significa sair de nosso pequeno e limitado mundo cotidiano e de nossa visão estreita das coisas. Abrir novos horizontes.
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