Há 25 anos, ninguém em Roma, falava de uma Igreja Imperial, exceto o Cardeal Ratzinger, que via esta anomalia introduzida por Constantino, na história do cristianismo: favorecer o poder da Igreja ortodoxa russa para torná-la instrumento maior de sua auréola e de seu poder político. Desde então, deixar-se instrumentalizar pelo imperador, ou rei ou presidente para ter vantagens sociais, ao custo de silenciar a mensagem de Jesus é trair o evangelho. É o que estamos vendo entre o presidente da Rússia e o Patriarca de Moscou.
O imperador Constantino, no século IV, o rei Vladimir de Kiev no X, e agora o presidente Vladimir Putin no século XXIcaminharam e caminham de braços dados com a Santa Igreja...
No sábado santo, véspera da Páscoa Ortodoxa, o presidente Putin matou novamente - como todos os dias durante dois meses - centenas de civis nos novos bombardeios na Ucrânia. Para os entendidos são verdadeiros Crimes de guerra, a serem ainda jugados por tribunais internacionais.
Com o sangue frio que o caracteriza, no final desse dia, Putin participou na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, da solene liturgia da Páscoa, com uma vela na mão, presidida pelo Patriarca Cirilo, cúmplice e grande legitimador moral do que o Papa chamou de "ato bárbaro e sacrílego".
Cirilo tem um passado escuro no antigo KGB, antro de perseguição e tortura do governo Comunista da URSS.
Diversos líderes cristãos, o primata anglicano, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, e dezenas de bispos e centenas de padres da Igreja Ortodoxa Russa, pediram a Cirilo que falasse a favor da paz, de negociações em vez de massacrar com artilharia e bombas homens, mulheres e crianças indefesos. Ou, pelo menos, dar o coágulo para que os ucranianos - e os soldados russos invasores - pudessem celebrar a passagem. O Patriarca não fez o mínimo gesto, e continuou exaltando Putin na sua homilia.
O Papa está livre de esta barbárie humana. Toda guerra, além de ser uma burrice nossa é um ultraje grave a Deus.
A guerra é sempre uma idolatria absurda do poder. E quando a política e a religião caminham juntas o pecado e o desastre humano é maior. É o que estamos vendo nesta guerra promovida por um país cristão, ortodoxo, como a Rússia...
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