O coração grita e o corpo responde... (Pe. J. C. Rengucci, PSSC)

 



Continuamos em Manresa, pequena cidade catalã e que foi para Inacio de Loyola um verdadeiro noviciado, onde aprendeu muito sobre o relacionamento de Deus com ele. Como definir o inexprimível e ao mesmo tempo, deixar-se invadir pelo absoluto? Há experiências que poucos conhecem, mas uma vez acontecidas são inesquecíveis e ficam como um aprendizado no claro-escuro de nossa consciência.

 

Nossa cultura é extremamente racional e lança uma suspeita sobre todo fenômeno místico inexplicável. Hoje compartilhamos um fato que poucos conhecem: o arrebatamento espiritual de Inácio por 8 dias.

 

Eis o que diz a AutobiografiaEstando doente em Manresa, chegou a ponto de morte, com uma febre tão extrema que julgou claramente que a alma lhe sairia logo...  

 

A febre é má conselheira, e com ela surgiram imagens negativas do seu passado mundano. Foi uma luta insana, como aquela de Jacó ao atravessar o riacho do Jaboc (Ex 32). Era Deus que pelejava? Era Jacó que perdia?... Era Inácio que lutava com seu passado negativo? Depois de uma semana a febre o deixou, e ele se tranquilizou.    

 

Lá em Manresa podemos ainda encontrar a Capela do Arrebatamento, localizada na casa dos Amigant, que o acolheram para sarar dessa febre. Hoje, uma capela lembra esse arrebatamento febril. No interior dela encontramos uma escultura deitada no chão do Loyola, e que ao vê-la percebemos como a postura do seu corpo nos fala desta luta interior padecida. 

 

A estranha escultura, em tamanho natural e deitada no chão, mostra um Inacio abandonado, esquecido até de si mesmo: unhas sujas, cabelos compridos e despenteados sinal da luta espiritual travada com aquele homem velho, pecador e que deseja ser tudo de Deus: “tudo é teu, Senhor, também meus pecados... Teu amor e graça me bastam”. 

 

Vivemos tempos do Corona vírus e alguns dos nossos ficaram mais de uma semana no hospital. Tivemos febre, pesadelos, e provavelmente não o arrebatamento de Inacio, mas sim o desejo de uma nova vida, que o Senhor vai misteriosamente tecendo sua presença sem a gente perceber. 


E, como o peregrino em Manresa, também nós dizemos: "Tomai, Senhor, e recebei tudo o que tenho e possuo, minhas limitações, minha pobreza de ser... O que sou, isto te dou e é coloco nas tuas mãos Senhor...”

 

 

 

 

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