VIDA TÃO RARA e VAZIA... (cf.A. Palaoro sj )


                                          ...a vida não consiste na abundância de bens...(Lc 12,15)

 

Na sua itinerância, Jesus se depara com situações inesperadas e que não tem nada a ver com o sentido de sua missão. Mas, como bom pedagogo, Ele aproveita de todas elas para mover as pessoas na direção do verdadeiro sentido da existência. 

 

Como sabemos, as heranças quase sempre suscitam problemas e conflitos. E alguém, que devia se sentir prejudicado, pede a mediação de Jesus para conseguir uma melhor partilha dos bens.

Na sua resposta, a liberdade de Jesus frente a esse tipo de questões, não só porque corta a petição pela raiz, mas pela parábola que narra a seguir. Nem Ele se considera “árbitro” em questões de herança, nem está preso pela cobiça. O que escutamos d’Ele é o ensinamento de um mestre livre que quer mostrar o caminho da verdadeira “riqueza”.

 

Para Jesus Cristo, a primeira e maior tentação do coração humano é a “cobiça de riqueza”. Uma vez presos à cobiça, caminhamos, irremediavelmente, para a solidão, para o auto-centra-mento e desprezo dos outros.

 

Na parábola de hoje, o rico fazendeiro, em seu monólogo, revela o seu ideal de vida: acumular semptr mais, ter vida longa e assegurada... Em seu horizonte de vida há uma terrível solidão: parece não ter esposa, filhos ou amigos. Não pensa nos camponeses que trabalham em suas terras. Seus verbos preferidos: acumular, armazenar e aumentar seu bem-estar material. Só se preocupa em “amassar riquezas para si”; todo o relat

 

Aumenta seus celeiros, mas não o horizonte de sua vida. Aumenta sua riqueza, mas diminui e empobrece sua vida. Acumula bens, mas não conhece a amizade o amor gene a alegria e a solidariedade. Não sabe compartilhar, só monopolizar A vida deste rico é um fracasso e uma insensatez, pois sua falsa segurança na posse dos bens vem abaixo. Quem vive centrado em si mesmo, perde a vida.

 

Não fiz outra coisa do que viver para mim mesmo... Entesourou para si e, de repente percebe que essa forma de viver se revelou infecunda e sem sentido. Momento privilegiado que pode ser muito duro e, ao mesmo tempo, muito fecundo.

 

No evangelho deste domingo, Jesus usa a palavra “néscio” para referir-se a quem atua assim. Tal termo vem do verbo latino “nescio”, que significa literalmente “não sei”. “Néscio” é quem confunde o ter com o ser. “Néscio” é aquele que não sabe o que faz, e vive perdido na ignorância do tempo.

 

No fundo, o evangelho deste domingo nos situa diante do grande dilema do “sentido de nossa existência”: para quê vivemos? Sobre que valores queremos construir nossa vida?...

 

O ser humano não é só um “animal racional”, ou um “animal afetivo”, mas é também um “animal de sentido”, o que é uma definição muito mais profunda.

 

O ser humano tem necessidade de uma causa pela qual viver, de canalizar todas as suas forças, seus desejos, energias, impulsos vitais e recursos internos e externos em direção a um horizonte de sentido no qual acredita intensamente (“ser rico para Deus”) E nele investir tudo o que é e possui, com intensa paixão.

 

“Viver a fundo” é não passar pela superfície da vida, acumulando bens e permanecendo refém de uma triste mediocridade. Há fomes existenciais, desejos mobilizadores e sonhos originais querendo encontrar canais amplos para jorrar. É preciso reaprender o caminho da própria interioridade para ativar a capacidade de amar, de vibrar, de buscar...

 

Deixemo-nos inspirar pelo Mestre da Galiléia! 

 

 

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