Com a convocação de um Sínodo sobre a sindalidade iniciou-se o processo consultivo mais amplo que o mundo já viu.
O “Documento de Trabalho para a Etapa Continental”, lançado no mês passado, nos dá uma ideia de onde o processo sinodal esteve e para onde ele pode estar indo. “O que emerge”, segundo o documento de trabalho, “é uma profunda re-apropriação da dignidade comum de todos os batizados”. O objetivo é enfatizado com uma citação de Isaias: “Alarga o espaço da tua tenda!”, onde a tenda é vista como espaço de comunhão e participação. No centro, o tabernáculo, ou seja, a presença do Senhor.
A Igreja vive “um paradoxo cristológico: proclamar com ousadia seu ensinamento autêntico e, ao mesmo tempo, oferecer um testemunho de inclusão e aceitação radical por meio de seu acompanhamento pastoral e discernimento”. Somos chamados a uma Igreja capaz de inclusão radical, compartilhando profunda hospitalidade de acordo com os ensinamentos de Jesus.
Os obstáculos incluem estruturas hierárquicas, clericalismo e diferenças socioeconômicas.
Há necessidade da inclusão de muitos grupos marginalizados: jovens, pessoas com deficiência, os descontentes com a mudança litúrgica, os que fizeram abortos, pessoas que se divorciaram e se casaram novamente, pais solteiros, pessoas que vivem em um casamento poligâmico, pessoas LGBTQIA+, os que deixaram o ministério e se casaram, as mulheres e eventuais filhos de padres que quebraram o voto de celibato e correm o risco de sofrer graves injustiças e discriminação.
Também são listados os mais pobres, os idosos solitários, os indígenas, os migrantes sem qualquer filiação e que levam uma existência precária, os meninos de rua, os alcoólatras e drogados, os que caíram nas tramas da criminalidade e aqueles para quem a prostituição parece sua única chance de sobrevivência, vítimas de tráfico, sobreviventes de abusos (na Igreja e fora dela), presos, grupos que sofrem discriminação e violência por causa de raça, etnia, gênero, cultura e sexualidade.
Em resposta a esses desafios, a missão da Igreja é tornar Cristo presente no meio de seu povo através da leitura da Palavra, da celebração dos sacramentos e de todas as ações que cuidam dos feridos e sofredores”.
A missão da Igreja em muitos lugares do mundo envolve o diálogo com pessoas de diferentes religiões.
Quase todos os relatórios levantam a questão da participação plena e igualitária das mulheres.
Há muita controvérsia em torno do sínodo. Os mais liberais veem isso como uma oportunidade para pressionar por reformas bloqueadas pelos Papas anteriores: clérigos casados, mulheres sacerdotes, maior inculturação na liturgia, aceitação do controle artificial da natalidade, repensar a ética sexual etc. Os conservadores veem o Sínodo como uma tentativa de pressionar a Igreja a mudar seus ensinamentos.
Os mais conservadores temem que o Papa ceda à pressão pública; os liberais temem que a hierarquia mais uma vez rejeite suas reformas. Francisco está focado em melhorar a missão da Igreja de proclamar o Evangelho e criar uma Igreja mais sinodal.
A questão fundamental que orienta todo o processo é: Como realizar o caminhar juntos que permite à Igreja anunciar o Evangelho? Para onde o Espírito nos leva e convida a dar passos para crescer como Igreja sinodal?
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