Vós ouvistes o que foi dito: “olho por olho e dente por dente!” Eu, porém, vos digo… Mt 5,38
Não é preciso ser um especialista em análise da realidade para perceber e sentir que está se difundindo na nossa sociedade uma linguagem que deixa transparecer o crescimento da agressividade e do ódio. Cada vez, com mais frequência, ouvimos e lemos nas “redes sociais” insultos agressivos, intolerantes, “palavras ácidas” nascidas da rejeição, do ressentimento, da vingança…; palavras proferidas sem amor e sem respeito, que envenenam a convivência e causam profundas rupturas nas relações interpessoais; palavras mesquinhas, vazias, baixas…
Assim, vai sendo gestado um espírito de combate, uma guerra de mentiras frente àqueles que pensam, creem e amam diferente. O Papa Francisco sentiu a necessidade de nos dirigir um apelo urgente: “não à guerra entre nós!”
Há uma convicção profunda em Jesus: não se pode vencer o mal com o mal... É decisivo buscar sempre caminhos que nos conduzam à convivência fraterna e não ao fratricídio. Precisamos combater o mal, mas sem buscar a destruição do adversário.
Amar o inimigo não é questão de voluntarismo, mas atitude de vida. Um exemplo: no mar sempre haverá ondas, de maior ou menor tamanho, mas sempre estarão aí. Ao chegar no litoral, a mesma onda pode encontrar-se com a rocha ou encontrar-se com a areia. Contra a rocha, quebra-se em mil pedaços; contra a areia, ela se desfaz suavemente.
Os inimigos sempre vão aparecer em nossas vidas; mas a maneira de nos encontrar com eles dependerá de cada um de nós. Se formos praia, todo seu potencial de violência ficará anulado e chegará até nós com a maior suavidade.
“Assim seremos filhos de nosso Pai…” Um Deus que ama a todos de maneira igual, porque seu amor não é a resposta às atitudes ou às ações, mas é anterior a toda ação humana. Deus nos ama não porque somos bons, mas porque Ele é bom. “Deus é amor”. O amor não é resposta às ações de alguém; sua origem está em cada um de nós. “Amar os inimigos”, portanto, é entrar no fluxo do amor que brota do coração de Deus e faz morada no nosso coração.
Por isso, hoje, mais do que nunca, é preciso ativar toda nossa reserva de amor e bondade em favor de uma resistência firme, mas lúcida, para aplacar o rufar dos tambores do ódio… A maior contradição é alguém dizer que segue Aquele que é “manso e humilde de coração” e, ao mesmo tempo, revela-se como presença agressiva e conflituosa, e expele ódio por todos os poros.
Quem cultiva a mansidão facilmente se torna terno com todos. A revolução da ternura nos convida a sair de nós mesmos, e a entrar no fluxo do Amor de Deus; assim vivendo, seremos pura transparência do Coração manso e humilde de Jesus.
0 comments:
Postar um comentário