Abrir espaço para as mulheres no Sínodo dos Bispos (para ser preciso 40). Há quem saude a novidade como uma revolução. Esta última disposição do Papa Francisco em vista do próximo Sínodo sobre a Sinodalidade, já é um terreno de embates. Por um lado, há os episcopados do Norte que pressionam por revisões estruturais de natureza democrática, mas, por outro lado, há muitos bispos que apontam para um dilema fundamental não resolvido: por sua natureza, a Igreja nunca pode ser comparada a uma Igreja internacional, com a mesma dinâmica e os mesmos signos representativos.
Até agora, a exclusão das mulheres havia sido objeto de duras críticas de religiosas, teólogas e acadêmicas, sobretudo por ocasião dos dois sínodos sobre a família e o da Amazônia. Para acalmar as águas, o Papa Francisco havia admitido alguns observadores, mas sem lhes dar a oportunidade de votar. Posteriormente, ele havia nomeado uma freira francesa (com direito a voto) para a Secretaria do Sínodo e agora, para respeitar as promessas feitas, aprovou a "cota de mulheres" com duas mudanças normativas. Com a primeira, estabeleceu que dos 10 clérigos eleitos entre as Superioras Maiores, 5 devem ser religiosas. Acrescentou 70 fiéis que ele escolherá a seu critério, extraindo-os de uma lista que lhe será fornecida pelas conferências episcopais: 35 deles obviamente serão mulheres e leigos. Com direito a voto.
Para tentar acalmar as coisas, os dois cardeais que estão organizando o próximo Sínodo dos Sínodos: "Não é uma revolução: os 70 novos membros são 21% da assembléia, que continua sendo plenária uma assembléia de bispos, com certa participação de não bispos", afirmaram os cardeais Mario Grech e o jesuíta Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre as novidades introduzidas pelo Papa na assembleia sinodal.
“Caberá às assembléias continentais propor 20 nomes, e o Papa poderá escolher 10 de cada continente e da Conferência dos Patriarcas do Oriente Médio. Seria bom que metade desses 70 fossem mulheres e que houvesse jovens, para que a Igreja estivesse bem representada”. Mario Grech, secretário geral da Secretaria Geral do Sínodo acrescentou: "A participação dos novos membros não só garante o diálogo que existe entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores - a circularidade implementada ao longo do processo sinodal – mas garante a memória: os novos membros são testemunhas da memória, do processo sinodal, do itinerário de discernimento iniciado há dois anos»”.
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