Quanto mais atento for o silêncio, mais forte será a palavra... (Papa Francisco)

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Neste segundo domingo do Advento, o Evangelho fala-nos de João Baptista, o precursor de Jesus (cf. Mc 1, 1-8), e descreve-o como «a voz que clama no deserto» (v. 3). O deserto, lugar vazio onde não há comunicação, e a voz, meio de falar, parecem duas imagens contraditórias, mas no Batista elas se unem. 

João prega ali, perto do rio Jordão, perto do ponto onde o seu povo, muitos séculos antes, havia entrado na terra prometida. Ao fazê-lo, é como se dissesse: para ouvir Deus devemos regressar ao lugar onde durante quarenta anos acompanhou, protegeu e educou o seu povo, no deserto.

É o lugar do silêncio e da essencialidade, onde não podemos nos dar ao luxo de nos demorar em coisas inúteis, mas devemos concentrar-nos no que é indispensável para viver. P
ara prosseguir no caminho da vida é preciso despojar-se do “mais”, porque viver bem não significa encher-se de coisas inúteis, mas libertar-se do supérfluo, cavar fundo em si mesmo, para compreender o que é verdadeiramente importante diante de Deus. Só se, através do silêncio e da oração, dermos lugar a Jesus, que é a Palavra do Pai, poderemos libertar-nos da poluição das palavras e das conversas vãs.  O silêncio e a sobriedade – nas palavras, no uso das coisas, dos meios de comunicação e das redes sociais – não são apenas “florzinhas” ou virtudes, mas elementos essenciais da vida cristã.
 
E chegamos à segunda imagem, a vozÉ o instrumento com o qual manifestamos o que pensamos e carregamos no coração. Compreendemos então que ele está muito ligado ao silêncio, porque expressa o que amadurece interiormente, a partir da escuta do que o Espírito sugere. Se você não sabe ficar quieto, é difícil ter algo de bom para dizerao passo que, quanto mais atento o silêncio, mais forte é a palavra. (...) 

Podemos perguntar-nos: que lugar ocupa o silêncio nos meus dias? É um silêncio vazio, talvez opressivo, ou um espaço de escuta, de oração, onde se pode guardar o coração? Minha vida é sóbria ou cheia de coisas supérfluas? Mesmo que isso signifique ir contra a corrente, valorizamos o silêncio, a sobriedade e a escuta. 

Que Maria, Virgem do silêncio, nos ajude a amar o deserto, a tornarmo-nos vozes credíveis que anunciam o seu Filho que vem...

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